MARILYN MANSON

MARILYN MANSON: 27 anos de «Antichrist Superstar»

Mais de um quarto de século depois, o incontornável segundo álbum da banda liderada pelo irascível MARILYN MANSON continua tão mordaz como quando foi editado.

Lançado originalmente a 8 de Outubro de 1996 numa joint venture entre a NOTHING (de Trent Reznor) e a Interscope, o segundo álbum de MARILYN MANSON foi editado há exactamente 27 anos. O disco foi produzido por Manson em colaboração com Reznor, o líder e mentor dos NINE INCH NAILS, com Sean Beavan e também com Dave Ogilvie, dos SKINNY PUPPY, nos Nothing Studios, em New Orleans, entre Fevereiro e Agosto de 1986.

Agora sabemos, foi este álbum que transformou o Sr. Brian Warner num fenómeno à escala global. A disparar em todos os cilindros, apoiado num par de singles de enorme sucesso («The Beautiful People» e «Tourniquet», numa altura em que a MTV ainda passava música, transformaram-se em enormes êxitos) e em actuações ao vivo verdadeiramente demolidoras, foi o «Antichrist Superstar» que colocou o nome MARILYN MANSON nas bocas do mundo inteiro.

Por cá, o mito crescia também, com a lenda assegurada por uma actuação tão irreverente como caótica numa das primeiras edições do Festival do Sudoeste. Soubemos depois, o antagonismo entre todos os elementos do grupo — Manson na voz, Daisy Berkowitz na guitarra, Twiggy Ramirez na guitarra e no baixo, Madonna Wayne Gacy nos sintetizadores e Ginger Fish na bateria e programação — não estava apenas limitado ao palco.

Reza a lenda que a “má onda” que vimos ao vivo e a cores na Zambujeira do Mar esteve sempre lá, até no estúdio, quiçá alimentada pelo uso excessivo e abuso de álcool e drogas. A gravação do «Antichrist Superstar», um elaborado álbum conceptual pensado ao mais ínfimo pormenor, foi quase tão selvagem e caótica como os concertos que assinaram nos anos seguintes.

Portanto, o mais curioso disto tudo é isso não se notar minimamente ao longo dos épicos 80 minutos que o disco dura. Do proverbial murro nas fuças que é a abertura com a «Irresponsible Hate Anthem», aos ganchos pop dos dois singles anteriormente mencionados, passando pelo ambiente mais obscuro de temas como «The Reflecting God» ou o de título do álbum, MARILYN MANSON conseguiu construir uma narrativa com princípio meio e fim — e sem pontos mortos.

Apesar das brutais brigas entre os elementos da banda, que acabaram por levar o guitarrista fundador Daisy Berkowitz a deixar amargamente o grupo a meio da gravação, o «Antichrist Superstar» mantém uma solidez invejável , com uma série de músicos convidados — entre eles, Charlie Clouser, Robin Finck, Danny Lohner e Chris Vrenna, tudo nomes associados aos NINE INCH NAILS e aos GUNS N’ ROSES da fase «Chinese Democracy» — a tornarem ainda mais colossal este turbilhão de rock musculado, metal pesado e doses massivas de industrial.

Além de tudo o resto, uma coisa é inegável: a verdadeira declaração de intenções do controverso (e cada vez mais polémico) MARILYN MANSON foi feita aqui.