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GUNS N’ ROSES: 32 anos de «Use Your Illusion»

A 17 de Setembro de 1991, os GUNS N’ ROSES lançaram o seu ‘magnum opus’.

É sempre difícil superar um álbum bem sucedido. É sempre complicado escrever o segundo álbum. É impossível ultrapassar um disco incontornável na história do rock como foi o «Appetite For Destruction». Todavia, os GUNS N’ ROSES criaram o «Use Your Illusion». Duas vezes. E sobreviveram a uma das maiores digressões da história do rock. Antes, o grupo quase se desintegrou. Axl praticamente anunciou o fim, em palco, quando “abriram” para os THE ROLLING STONES no L.A. Forum. O Steven Adler, um dos membros fundadores do grupo, ficou pelo caminho.

A indústria, a maldita indústria, tanto lhes sugava a criatividade, como os bajulava com prémios e títulos. Nessa altura, os GUNS N’ ROSES eram a banda mais perigosa do rock. O passado e a estrada deixaram o grupo com trinta e seis faixas na gaveta. “Mais que suficiente para um duplo álbum”, revelou Slash na sua biografia. E começaram o processo com uma versão: «Knocking on Heaven’s Door». Esse foi o primeiro tema gravado pelo novo baterista, Matt Sorum, para alimentar uma banda-sonora.

De repente, de uma garagem de subúrbio de Los Angeles, os GUNS N’ ROSES mudavam-se para o centro de Hollywood. Como que a retratar a evolução, temos o vídeo-clip da «November Rain». Tão icónico como sem sentido; quem nunca fez air guitar durante aquele solo, no entanto?

A grande mudança na banda, para lá de Matt substituir Steve, foi a esmagadora presença de teclados e sintetizadores”, explicou Slash. Tal como os METALLICA com o «The Black Album», Axl e companhia alargavam o mercado, polindo o produto final. Além disso, com temas como «Civil War» ou «November Rain» ganharam uma dimensão épica, que eclipsou canções mais punk e aceleradas como são «Double Talkin’Jive» ou «Get In The Ring». Pelo meio, houve uma mudança de management, dinheiro mal gasto e, nas palavras dos músicos, toda uma grandiosidade de decisões básicas e opções questionáveis.

Querem só um exemplo? Pagaram milhares de dólares a um artista, Mark Kostabi, que, para a capa, se limitou a reproduzir um pedaço de um quadro renascentista, mudando as suas cores. A dado momento, alguém resolveu fazer dois álbuns, com a desculpa de que um duplo poderia ser muito caro para o fã comum. E assim foi feito, permanecendo nesse formato até hoje, com o eterno debate sobre qual o melhor dos dois tomos.

Muitos dos temas tinham sobrado das gravações do primeiro álbum, foram apenas polidos, para assim figurarem num trabalho mais comercial. Anos mais tarde, as versões originais surgiriam numa caríssima reedição de «Appetite for Destruction». Feitas as contas, este par de discos representa, provavelmente, o último fôlego de uma época. Baladas, versões, temas punk… coube tudo nos «Use Your Illusion».

Dias depois, surgiria «Nevermind», dos NIRVANA, e o mundo da música rock deixava Los Angeles para sempre. Mesmo assim, cada tomo dos «Use Your Illusion» vendeu sete milhões de cópias, apenas nos Estados Unidos. São mais de cinquenta discos de platina mundialmente, para cada volume.

A isto há que juntar as vendas correspondentes a oito singles, editados ao longo de dois anos. E toda uma imprensa centrada nos discos, desde o primeiro momento, quando as portas das lojas abriram à meia-noite para poderem vender cópias. Seguiu-se a digressão, já sem Izzy Stradlin. Os cinco músicos nunca mais voltariam a estar juntos em estúdio para gravar. Esse foi o preço destes dois monumentais álbuns.