SLAYER

RETROVISOR: Slayer, «Hell Awaits» @ Studio 54, Nova Iorque, 03.04.1985 [vídeo]

No 38.º aniversário do «Hell Awaits», recordamos os SLAYER no auge dos seus poderes, a debitarem o tema título do álbum de 1985 com uma determinação verdadeiramente impressionante.

Há uma grande diferença entre ouvir uma banda e vê-la ao vivo; e poderia fazer-se uma imensa lista de diferenças, prós e contras, isso tudo. Não interessa a posição, mas há um momento em que à voz se associa finalmente a uma cara, em que o grupo se associa à imagem — no caso deste vídeo, foi muito mais que apenas isso. Estávamos nos primórdios do thrash, numa fase tão inicial que o rótulo de speed metal era até mais popular.

As bandas de glam e as velhas glórias do hard rock já ocupavam os seus espaços na MTV, mas o thrash ainda era tão obscuro que pouco se conhecia para lá além das capas dos discos e fotos em algumas revistas. Mick Wall, no Sky Channel, aos sábados de manhã, era percursor em toda a Europa de um programa de TV apenas dedicado ao heavy metal, intitulado ‘Monsters Of Rock’, mas mesmo aí eram os Bon Jovi e quejandos que tinham tempo de antena.

Numa saudosa emissão, surge este «Hell Awaits» e tudo muda. Hoje, a qualidade do vídeo é sofrível, a falta de espaço para as câmaras operarem, leva o realizador a empregar pequenos truques como uso de still frames ou mudanças de cor, mas está lá tudo: um Tom Araya sorridente que depois cospe as linhas vocais com uma fúria dos diabos, um Jeff Hanneman a tocar com a mesma energia que empregaria se estivesse no mosh pit, Dave Lombardo a fazer um grande trabalho de pés e, claro, o inimitável Kerry King… Naquela monumental entrada, virado para o amplificador a “tirar”sacar” um imenso feedback, vasta cabeleira, todo ele é couro e metal.

O palco é exíguo, e quase só se vêem quatro cabeleiras num headbanging furioso, como se o grupo fosse implodir no fim do concerto. Aqueles que ainda frequentam pequenas salas de concertos, quantas vezes conseguiram ver tanta energia acumulada? Pela primeira vez, a cena thrash tinha um vídeo-clip que a descrevia na perfeição, nada de enredos com modelos da Playboy, ou palcos super produzidos. O thrash roubava o in your face do punk impregnando-o de solos de guitarra e bateria, e os SLAYER estavam ali para nos mostrar como se fazia com uma classe animalesca.