Aqui, recordamos o momento em que, à época, os DEEP PURPLE estabeleceram o recorde para a maior assistência paga num festival.
Rockstar. Talvez um dos títulos mais cobiçados no planeta e hoje em vias de extinção. Note-se que de bandas de garagem, ou dimensão nacional, passando por bandas de tributo, grupos de baile ou aqueles que durante breves segundos possuem um hit, existem imensos “roquestares”. A alguns, basta apenas subir a um palco e segurar um instrumento.
No entanto, aqui o que se trata é aquele material raro de que são feitas as verdadeiras estrelas como os DEEP PURPLE. Material que necessita de um ego da dimensão do sistema solar, e uma base de fãs maior que uma galáxia. Mas como a cosmologia nos ensina, no espaço impera a matéria escura, sendo a matéria visível muito pouca.
Aqui está um exemplo de como se atinge o estatuto de rockstar, daqueles a sério. Tudo começa em 1973, um miúdo de 22 anos, com pouca experiência, responde a um anúncio do Melody Maker para se tornar cantor dos, já míticos, DEEP PURPLE.
Em menos de um ano, David Coverdale, mais tarde à frente dos WHITESNAKE, grava aquele que pode ter sido o último trabalho de estúdio minimamente válido dos DEEP PURPLE, o clássico «Burn», e uma das suas primeiras actuações é este California Jam. É a sua primeira viagem aos Estados Unidos e apenas tem de actuar perante duzentas mil pessoas, estabelecendo um recorde, à época, para a maior audiência paga num festival.
Quantos gelariam e permaneceriam estáticos, apenas perante a hipótese de subir a um palco com toda a responsabilidade de enfrentar milhares, sendo o new kid in town?
«Mistreated» e «Burn» estão entre as novidades apresentadas no festival e presentes no álbum de estúdio e no duplo-CD que anos mais tarde viria a surgir com esta actuação. Ambos os temas se tornariam clássicos muito repetidos ao longo da carreira do Sr. Coverdale. Para lá disso há toda uma série de peripécias e confrontos, com o grupo a impor tocar ao pôr-do-Sol, acabando evacuado do local por helicóptero, após Ritchie Blackmore destruir uma câmara.
Ainda no concerto destruiu uma guitarra, antecipando toda uma personalidade conflituosa que o levaria a partir e a formar uns Rainbow, que muitos dizem ser alusivo ao cenário aqui usado. A Mark III pouco duraria, apesar de todo o seu potencial. Para lá da performance de David Coverdale, e a não menos importante presença de Glenn Hughes, é esperar pelos três minutos e ver como as teclas de Jon Lord complementam a guitarra de Blackmore, numa versão alternativa às twin guitars. E há ainda a bateria de Ian Paice, por vezes esquizofrénica, outras explosiva, sempre mantendo o ritmo alto.
A gravação áudio neste vídeo, tem pós-produção, mas nem por isso o menoriza enquanto retrato de uma performance que se tornou uma referência na carreira de David Coverdale e dos DEEP PURPLE. Assim nascia uma rockstar!