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TYPE O NEGATIVE: «October Rust», o ápice da melancolia outonal

Como superar um álbum “clássico”? A 20 de Agosto de 1996, os TYPE O NEGATIVE limitaram-se a lançar outro, indiscutivelmente melhor.

O aplaudido «Bloody Kisses», de 1993, já tinha colocado os TYPE O NEGATIVE nas “bocas do mundo”; o que se seguiu provou ser um marco do metal dos anos 90; distintamente comercial e orelhudo, mas não menos incisivo ou singular na entrega. Para não restarem quaisquer dúvidas, editado a 20 de Agosto de 1996, o «October Rust» é o verdadeiro magum opus da fase mais sardónica do metal gótico feito pelo malogrado Peter Steele e companhia.

Com um som quente e cheio, tão exuberante quanto orquestral, que abdicou pela primeira vez de todos os vestígios da agressividade que tinha caracterizado discos como «Slow, Deep And Hard» e «The Origin Of The Feces» (que, verdade seja dita, agora soam mais como uma extensão dos CARNIVORE que como outra coisa qualquer), foi só aqui que a sonoridade e a estética gótica e hiper romântica, mas ainda assim profundamente taciturna, que explorariam nos anos seguintes tomou realmente forma.

Leia-se: o que os TYPE O NEGATIVE fizeram foi limarem todas as arestas da fórmula explora, com grande sucesso, no «Bloody Kisses». Talvez por isso, o «October Rust» continua a ser reverenciado como sendo o melhor álbum da banda por uma larga franja dos seus seguidores.

«Bad Ground» e «Untitled» podem até soar deslocados e ser intrepretados como falsos começos num álbum sem mácula, mas são quiçá os exemplos máximos da ironia que sempre caracterizou esta gente. No entanto, basta pegar em dois singles do disco — a “balada” dolorosamente bela «Love You To Death» e a politicamente incorrecta, mas extremamente cativante e muito divertida «My Girlfriends Girlfriend» — para perceber que esta colisão de peso doom, ambiente gótico e sensibilidade pop já tinha sido testada antes, mas nunca tinha sido explorada com tanta convicção.

Qual será então o segredo dos TYPE O NEGATIVE e, particularmente, do «October Rust»? Atmosfera, às toneladas. O tipo de atmosfera que envolve baladas épicas (e quase todas as faixas podem ser descritas nesses termos) que conseguiu atrair metaleiros endurecidos, roqueiros góticos e fãs de doom, com uma suavidade surpreendente que conseguiu apelar até aqueles com uma mera queda por riffs pesados. Isso, senhores e senhoras, é a prova inolvidável da enorme mestria do quarteto na volátil arte de fundir peso esmagador e melodia.

Tão imponente quanto o próprio Peter Steele, tantos anos depois a música contida em «October Rust» permanece tão sensual, viciante e impregnada de melancolia como quando foi editada, com a negritude dos metal BLACK SABBATH a misturar-se com a acessibilidade pop dos THE BEATLES de uma forma que nunca mais foi replicada. Não desta forma, e com esta eficiência, pelo menos.