«Summer Dying Fast» é um tema de «The Principle of Evil Made Flesh», dos britânicos CRADLEOF FILTH. Talvez um bom título para este primeiro #RETROVISOR de Setembro, naquela semana após os festivais de Verão e já com as primeiras datas em sala, a surgirem, também com alguns pequenos festivais pelo meio. Foi um Verão interessante este. Os TOOL e SPLIKNOT estiveram em todas as conversas. Começaram o Verão a visitar Portugal, passaram pela capa da LOUD! e lançaram os seus respectivos discos novos. Os concertos, esses, serão daqueles que muitos irão referenciar nos próximos anos; porventura, os primeiros concertos de muitos futuros headbangers. E outros festivais existiram, uns melhores, outros piores. Uns mais secos, outros menos. Os SLAYER, aparentemente, despediram-se. Novos heróis porventura terão sido encontrados. O público revelou-se cada vez mais diverso e de gostos apurados — ou, pelo menos, algumas vezes –, porque os CANDLEMASS não são banda para se fazer circle pit! Too doom to mosh. No resto é liberdade de escolha, nada de linhas vermelhas, como diria Anton Lavey, “Há uma besta em cada homem que deve ser exercida e não exorcizada”, ou, se preferirem, essa máxima que deveria reger cada headbanger: “fujo de todas as convenções que não levem ao meu sucesso na Terra e felicidade”, do mesmo autor, ou ainda, agora citando o clássico Crowley, “Do what thou wilt shall be the whole of the Law”.
Tudo isto para recordar a atitude que grupos como os TOOL ou os SLIPKNOT continuam a saber ter. Também ela uma forma de rejeitar convenções, quebrar linhas vermelhas. Atitude de headbanger, não ter problemas em ouvir BON JOVI, SKUNK ANANSIE, STRATOVARIUS, TRIVIUM ou o black metal mais crú e negro. Se ser headbanger é desafiar convenções, porquê correr a fecharem-se noutras? Agora que muitos descobriram a majestade dos SATYRICON, fica esta versão de «K.IN.G.». uma boa malha de black metal — e que só o é porque, neste caso, se trata dos noruegueses formados por Satyr e Frost. Não será difícil imaginar o mesmo tema interpretado por outros grupos, mais ou menos comerciais, e ninguém lhe chamaria black metal. Uma boa malha é apenas isso, uma boa malha, não interessa se do estilo X ou Y. Da mesma maneira que uma boa banda é aquela que sua a camisola, não apenas a que enche um estádio ou pavilhão, mas também aquela que toca no bar local, muitas vezes a um preço abaixo do de uma cerveja nos locais referidos.
«Bloodshot eyes – metal skin / Serpents tongue – dagger claws», canta Satyr. Todo um imaginário de metal, mas reparem na audiência que canta com ele, e vejam o colorido e a alegria. É esse o valor deste vídeo. A música pela música, sem barreiras, fugir de convenções, exercer a besta, fazer o que cada um quer. Setembro anuncia-se com muitos concertos, frequentem-nos, não criem barreiras. Apoiem as bandas locais, não se guardem para os festivais de grandes multidões, como carneiros que obedecem a um só cartaz.