Uma noite de nostalgia, mas também de afirmação: Peavy Wagner e os seus RAGE continuam a ser uma força incontornável no heavy metal, e a sua longevidade é testemunho do talento e dedicação que sempre os definiu.
O RCA Club foi palco de uma verdadeira celebração do metal graças aos germânicos RAGE, que trouxeram sua digressão comemorativa de 40 anos de carreira a um público entusiasta e dedicado. Liderada pelo incontornável Peavy Wagner, a banda entregou uma actuação poderosa e cheia de vigor, mostrando que, mesmo após quatro décadas, continua em plena forma. Peavy, com sua presença magnética e voz imponente, guiou o público numa viagem através dos momentos mais marcantes da sua vasta discografia e o alinhamento funcionou como uma proverbial prenda para os seus fãs de longa data, cobrindo um espectro que abarcou desde os primórdios até aos discos mais recentes.
Dito isto, puderam ouvir-se clássicos incontornáveis, como «Don’t Fear The Winter» ou «Higher Than The Sky», que foram entoados em coro e estabeleceram uma ligação visceral entre os músicos e o público. Os RAGE não se limitaram, no entanto, ao óbvio, sendo que a actuação também inclui dois temas da novidade «Afterlifelines» (com a escolha a recair em «Cold Desire» e «Under A Black Crown», que assentam como uma luva no repertório do trio) e foi marcada por algumas surpresas, como o caso de «Prayers Of Steel», um tema que remonta a1985 e a uma altura em que ainda se chamavam Avenger.
Ainda assim o que mais se destacou no meio disto tudo, foi mesm o vigor e a energia de Peavy Wagner. Aos 60 anos, o baixista, vocalista e timoneiro dos RAGE mostrou-se em excelente forma, tanto a nível vocal como no que toca à presença em palco – o líder da banda interagiu frequentemente com a plateia e a sua performance das linhas de baixo manteve-se sempre sólida e precisa. Além disso, Peavy conseguiu equilibrar momentos de pura agressividade e velocidade com passagens mais melódicas, uma marca que sempre definiu o som do grupo. Neste ponto, importa frisar também que os s outros elementos também tiveram espaço para brilhar…
Os solos de guitarra de Jean Bormann foram explosivos e tecnicamente impecáveis, enquanto a bateria de Vassilios “Lucky” Maniatopoulos sustentou o peso – até ao momento em que a tarola teve de ser substituída tal não era a força com que batia – e a intensidade que uma celebração desta magnitude exige. O entrosamento entre os músicos e o nível de paixão que colocam em cada nota foram, de resto, notórios ao longo de todo o concerto que, apesar de uma produção simples, mas eficaz, fez com que o concerto fosse sentido como uma autêntica celebração do legado dos RAGE.
O público, composto por fãs conhecedores, esteve envolvido e vibrou do início ao fim, refletindo a relevância intemporal dos RAGE no cenário do heavy metal europeu. No final, ficou claro que esta celebração de 40 anos de carreira não foi apenas uma homenagem à trajectória da banda, mas também uma prova de que ainda têm muito para oferecer.
Antes dos RAGE subirem a palco, a noite começou com os DOLMEN GATE. A banda nacional assinou uma actuação de 35 minutos simplesmente electrizante e mostrou todo o poderio do seu álbum de estreia, «Gateways Of Eternity». Abrindo com a excelente «Retribution», os músicos conquistaram rapidamente o público com sua combinação de riffs pesados e melodia, levando todos numa jornada épica. A intensidade foi crescendo ao longo do set, culminando com os temas «Betrayal» e «Rest In Flames», que fecharam o concerto. Com uma execução impecável e uma energia contagiante, provaram que são uma das grandes promessas do metal nacional.
Por seu lado, os espanhóis OXIDO acompanharam os RAGE em todas as datas desta tour ibérica e surpreenderam positivamente com a sua avtuação no RCA Club. Com uma sonoridade sólida e um carisma contagiante, os músicosconquistaram o público lisboeta com uma prestação enérgica, onde não faltaram temas como «Soy La Tormenta», que dá nome ao mais recente álbum da banda, e outros destaques como «Mal Vino», «Soñarás» e «Oxidados 21», que, supostamente, deveria ter colocado um ponto final no concerto. No entanto, o entusiasmo do público foi tal que a banda acabou por voltar ao palco para mais um tema, brindando os presentes com um excelente aquecimento para os cabeças de cartaz.