MY DYING BRIDE

MY DYING BRIDE: “Não vamos atirar a toalha ao chão”, garante AARON STAINTHORPE

Os MY DYING BRIDE e as agruras de uma carreira pautada por quase tantos pontos altos como baixos.

Em 1990, Aaron, Andy, Calvin e Rick formaram os MY DYING BRIDE e, após apenas seis meses, os quatro músicos lançaram a sua primeira (e única) maqueta, «Towards The Sinister» hoje considerada clássica no underground extremo. Com o single «God Is Alone» a ser lançado pouco tempo depois pelo selo francês Listenable, a britânica Peaceville Records rapidamente tomou um primeiro contacto com o estilo único da banda e ofereceu-lhes um contrato, que deu origem ao EP «Symphonaire Infernus et Spera Empyrium» e ao álbum «As The Flower Withers» em 1992.

Resultado: quando lançaram o seu segundo álbum, «Turn Loose The Swans», em 1993, os MY DYING BRIDE já eram elogiados como pioneiros do doom. Por esta altura, o resto, como se costuma dizer, é história. Desde então, apesar de inúmeras paragens e mudanças de formação, o grupo não mais parou de nos presentear com música obscura, sorumbática e épica, condimentada por uma atmosfera gótica sem grandes precedentes.

Em 2020, após terem passado por um dos períodos mais conturbados da sua já longa carreira, assolado por turbulência quando a filha do vocalista Aaron Stainthorpe foi diagnosticada com um cancro, os MY DYING BRIDE regressaram finalmente às edições com «The Ghost Of Orion», que mostrou o colectivo a contar pela primeira vez com os talentos do baterista Jeff Singer, e o resto da formação a ficar completa com Lena Abe no baixo, Shaun MacGowan nos teclados e violino, Andrew Craighan na guitarra e Aaron na voz.

No próximo dia 19 de Abril, os MY DYING BRIDE regressam com «A Mortal Biding» via Nuclear Blast Records, mas será que, durante uma carreira pautada por quase tantos altos como baixos, alguma vez pensaram realmente em desistir? Numa nova entrevista ao Blabbermouth, o cantor Aaron Stainthorpe garante que não.

Muitas bandas passam por períodos difíceis“, começou por explicar a voz (e cara) dos MY DYING BRIDE. “Nós já estamos há cerca de 33 anos. Não vamos atirar a toalha ao chão. Pura e simplesmente pensamos que já tivemos de enfrentar coisas assim antes, por isso veremos o que acontece. Para ser sincero, se a minha filha não tivesse sobrevivido ao cancro, eu teria provavelmente desistido. Isso é uma coisa extrema. De resto, vai sempre haver obstáculos e, na maioria das vezes, tentamos superá-los.

Stainthorpe continua: “Há momentos em que baixamos os ombros e pensamos: ‘Por que isto é tão difícil? Eu devia estar numa banda a escrever música e divertir-me. Por que é tão difícil?’. Nós sentimos isso mais que muitas bandas porque não temos manager. Eu e o Andrew administramos a banda. Temos de lidar com o fisco, com os advogados, com a editora, com o merch – às vezes, todos esses pequenos aspectos com que temos de lidar, tiram o brilho da criatividade.

Quando vês o quanto as finanças estão a tirar de nós e quantas tretas temos de aturar e passar para que certos concertos aconteçam, isso torna tudo mais difícil. Aí pensamos: ‘Foda-se. Não nos vamos preocupar.’ Temos de nos unir e dizer: ‘A banda é mais forte que isto? Então, vamos continuar. Mas admito que sim, às vezes fica difícil. Fica realmente muito difícil.

Recorde-se que, no início da semana, os MY DYING BRIDE cancelaram a sua participação no Maryland Death Fest 2024 e foram substituídos rapidamente pelos AGALLOCH, naquele que será o seu primeiro espectáculo na Costa Leste dos Estados Unidos desde 2014, e um dos poucos que fizeram (até agora) desde que se reuniram. Tudo isto, por si só, não seria propriamente notícia deste lado do Atlântico, mas, segundo dizem os organizadores do evento, a banda está a preparar-se para cancelar também todas as datas anteriormente anunciadas para 2024.