Marilyn Manson

MARILYN MANSON: 23 anos de «Holy Wood (In The Shadow Of The Valley Of Death)»

Mais de duas décadas depois, a humanidade ainda não se destruiu totalmente, mas o quarto álbum de MARILYN MANSON continua a soar tão relevante como quando foi editado.

Lançado originalmente a 11 de Novembro de 2000 numa joint venture entre as editoras NOTHING (de Trent Reznor) e Interscope, o quarto álbum de MARILYN MANSON foi editado há exactamente 23 anos. O disco foi produzido pelo próprio Manson em colaboração com Dave Sardy, nos estúdios The Mansion, Holly Studios, Sunset Sound Factory e Westlake Recording Studios, todos localizados em Los Angeles, na Califórnia, durante vários períodos temporais entre 1999 e 2000.

Provando que a sua obra criativa poderia ser muito mais elaborada do que muita gente tinha previsto inicialmente, e no que toca ao posicionamento do álbum dentro do seu catálogo existente, para o «Holy Wood (In The Shadow Of The Valley Of Death)», o Sr. Brian Warner optou por uma abordagem em tudo semelhante àquela que George Lucas adoptou para as suas “Star Wars” e resultado revelou-se, ao mesmo tempo, tão fascinante quanto impactante — e, ainda mais, relevante.

Embora fosse o seu quarto longa-duração no geral, o disco funcionaria como a primeira parte de uma trilogia que também incluía os anteriormente lançados «Antichrist Superstar» e «Mechanical Animals» — e, à semelhança desses dois álbuns, entrelaçaria elementos de ficção com pedaços da vida real de MARILYN MANSON. Resultado: o disco foi muito inspirado pelos incidentes traumáticos durante a juventude do cantor, bem como pelas experiências que viveu após o massacre de Columbine.

Esta história pode ser interpretada a vários níveis“, disse na altura MARILYN MANSON à Rolling Stone sobre o álbum. “Uma das formas mais simples será dizer que é sobre um menino que quer tornar-se parte de um mundo para o qual não se sente adequado. A amargura e a raiva que sente transformam-se numa revolução dentro dele próprio, e o que acontece é que a revolução se torna apenas mais um produto. Quando ele percebe que é tarde demais, a sua única escolha é destruir o que criou, que é ele mesmo.

Ao contrário do predecessor «Mechanical Animals» — que minimizou a angústia e a agressão em favor de canções decadentes e um pouco mais optimistas, fortemente influenciadas pelo David Bowie da era Ziggy Stardust —, o «Holy Wood (In The Shadow Of The Valley Of Death)» marcou um retorno ao metal industrial e misantrópico do «Antichrist Superstar».

Canções como «The Fight Song», «Disposable Teens», «The Nobodies» e «Burning Flag» brotavam das colunas de som alimentadas por batidas militantes e apresentavam um trabalho de guitarra impetuoso e experimental, cortesia de John 5. A própria voz de MARILYN MANSON, mais rancoroso que nunca, suava veneno em relação ao poder estabelecido que, na sua mente, levava os adolescentes não conformistas ao limite.

Duas décadas depois, é verdade que, apesar de caminhar rapidamente para o caos, a humanidade ainda não se destruiu totalmente, mas este quarto álbum do MARILYN MANSON continua a soar tão relevante como quando foi editado — e é, sem margem para dúvidas, uma entrada incontornável no catálogo do controverso shock rocker norte-americano.