LISBON TATTOO ROCK FEST

LISBON TATTOO ROCK FEST @ LAV – Lisboa Ao Vivo | 06.10.2024 [reportagem]

Na sua edição de 2024, o Lisbon Tattoo Rock Fest demonstrou, uma vez mais, ser um evento essencial no calendário cultural lisboeta. O último dia, em particular, ficará para a história pela variedade de estilos e colaborações especiais apresentadas, com MICHALE GRAVES e ME AND THAT MAN a proporcionarem um momento único, e os ONSLAUGHT a servirem uma devastadora dose de thrash metal.

O fim de semana passado foi marcado por mais uma edição do Lisbon Tattoo Rock Fest, evento que, como já é tradição, reúne arte, música e a cultura da tatuagem num só espaço. Este ano, em termos musicais, o destaque recaiu claramente no Domingo, com o palco principal a ser dominado por uma série de concertos memoráveis, deixando o público com a sensação de ter testemunhado algo verdadeiramente especial. Com o cancelamento de última hora dos HOUSE OF DAWN, coube aos CAPELA MORTUÁRIA a honra de abrirem o último dia do evento.

A banda bracarense trouxe uma dose de brutalidade visceral ao Lisbon Tattoo Rock Fest, com uma actuação intensa e cheia de energia crua. Conhecidos pelos seus concertos marcantes no cenário underground português, os músicos mergulharam o público num turbilhão de thrash e death metal, com temas como «Pornocultura», «Imploro O Caos» e «Thrash Faster». A meio do espectáculo, o vocalista João Carlos desceu do palco para cantar junto do público, aumentando ainda mais a intensidade e a interação com os fãs.

A tarde começou a aquecer com a chegada de MICHALE GRAVES, que subiu ao palco com a missão de revisitar os clássicos que gravou com os MISFITS, a lendária banda de horror punk de que foi vocalista nos anos 90. O público, composto por fãs dedicados de longa data, respondeu com entusiasmo a cada acorde, especialmente em temas como «Dig Up Her Bones» e «Saturday Night», que trouxeram uma boa dose de nostalgia ao Lisbon Tattoo Rock Fest. Graves mostrou-se em boa forma, criando de imediato uma ligação com a audiência e fazendo jus ao legado das lendas de Lodi.

Ao longo do concerto, MICHALE GRAVES ainda interpretou temas originalmente gravados com Danzig, como «Last Caress» e «Mommy, Can I Go Out and Kill Tonight?», e dedicou «Descending Angel» a Nergal, dos BEHEMOTH, em referência a uma das suas colaborações passadas. O cantor também mencionou que ia afastar-se dos palcos durante uns tempos, mas tranquilizou o público ao afirmar que não estava a caminho da prisão, numa alusão humorística às suas controvérsias mais recentes. Antes de encerrar a sua actuação com «Halloween» e «We Are 138», fez também questão de expressar o seu amor pelos fãs, independentemente da cor da pele.

Logo a seguir, foi a vez de subirem a palco os ME AND THAT MAN, o projecto paralelo de Nergal, que trouxe ao Lisbon Tattoo Rock Fest o seu característico som dark folk/blues sombrio. O alinhamento revelou-se carregado de atmosferas densas e introspectivas, destacando-se temas como «Run With The Devil» e «Burning Churches». No entanto, o grande momento da noite ocorreu quando Michale Graves se juntou à banda para a interpretação conjunta de «Blues & Cocaine». A fusão das vozes de Graves e Nergal criou uma combinação inesperada entre o punk e o blues gótico, resultando num dos momentos mais memoráveis do festival, com Nergal a comentar que “os astros se tinham alinhado” para que aquele encontro especial acontecesse em Lisboa.

O Lisbon Tattoo Rock Fest encerrou com chave de ouro graças a uma poderosa actuação dos britânicos ONSLAUGHT, que trouxeram um verdadeiro tsunami de thrash à capital. A banda, veterana com várias décadas de estrada, mostrou-se mais afiada que nunca, com uma prestação de pura agressividade e precisão. A setlist incluiu hinos como «Killing Peace», «Let There Be Death» e «66 ‘fucking’ 6», que deixaram o público ao rubro. Uma nota de destaque para o vocalista Dave Garnett, irrepreensível e a liderar a banda com intensidade, num concerto que consolidou a posição dos ONSLAUGHT como um dos maiores nomes do thrash mundial.