LIFE OF AGONY

LIFE OF AGONY: 30 anos de «River Runs Red»

Ao longo das últimas três décadas, os nova-iorquinos LIFE OF AGONY transformaram-se numa das bandas que definiram os 90s. E, mesmo que tenham mantido um efeito duradouro no universo da música pesada, foi o «River Runs Red» que deu início a tudo.

O «River Runs Red», clássico LP de estreia dos LIFE OF AGONY, foi lançado há trinta anos, no dia 12 de Outubro de 1993, pela Roadrunner Records. Saído directamente de Brooklyn, Nova Iorque, e produzido por Josh Silver, teclista e estratega dos TYPE O NEGATIVE, afirmou-se rapidamente como um registo capaz de abalar de forma profunda o mundo do hardcore e do metal com temas muito pesados e cativantes, riffs musculados, vocalizações apaixonadas e letras francas sobre suicídio, abuso de drogas e traumas familiares.

No entanto, mesmo antes do lançamento do álbum, já havia um certo burburinho em volta dos LIFE OF AGONY. Os músicos tinham lançado três maquetas extremamente bem recebidas no underground e, quando editaram a quarta demo, intitulada «The Stain Remains», também gravada por Silver, já tinham uma base de seguidores bastante considerável na sua cena local. “O nosso primeiro concerto aconteceu a 11 de Fevereiro de 1990, no Faces Club, em Keansburgh, Nova Jérsia, e começámos a construir uma base de seguidores bastante leais na Costa Leste“, recordou o baixista Alan Robert em entrevista ao Metalsucks.

Foi o Evan, dos Biohazard, que sugeriu gravarmos alguns temas com o Josh Silver, dos Type O Negative, no estúdio caseiro dele… E seguimos esse conselho. Gravámos uma série de demos na casa do Josh e demo-nos realmente muito bem. Divertimo-nos muito juntos e ele ajudou a moldar o nosso som. Após lotarmos salas como o L’Amour, em Brooklyn, e vários outros lugares como banda independente, captámos a atenção do Monte Conner e fechámos um contrato com a Roadrunner Records para o lançamento do «River Runs Red» em 1993“.

Apoiado nas suas raízes hardcore punk, notórias nas letras sobre como superar adversidades, o quarteto formado por Robert, Joey Z na guitarra, Keith Caputo na voz e Sal Abruscato na bateria conseguiu criar um som bem distinto e original, que misturava breakdowns implacáveis e gang vocals com elementos de doom metal da escola BLACK SABBATH, a ocasional pitada de agressividade thrash, a melodia pegajosa do hard rock e até alguns momentos mais progressivos. “Quando começámos, a maioria das bandas da cena tocavam hardcore puro. Nós adorávamos o hardcore, mas tínhamos muitas outras influências, que eram muito mais melódicas“, recorda o baixista dos LIFE OF AGONY.

Normalmente, as pessoas achavam que éramos meio excêntricos. No início, também tínhamos teclados, e as nossas músicas tinham ambientes muito diferentes e arranjos estranhos. Claro, havia riffs hardcore e uns breakdowns muito pesados, mas também havia um aspecto único que nos diferenciava de tudo o resto — a voz. Além disso, todos adoramos o «The Final Cut» e o «The Wall», dos Pink Floyd, e esses dois LPs tiveram um enorme impacto sobre nós.

Acho foi por causa dessas influências que começámos a incorporar mais melodia nas músicas, sobretudo vocalmente, e logo após assinarmos o contrato, começámos a perceber que queríamos criar um álbum conceptual. Essa foi, definitivamente, uma grande diferença em relação ao que as outras bandas ao nosso redor estavam a fazer na época.

O resultado desta fusão pouco comum de referências e gostos pessoais dos quatro elementos dos LIFE OF AGONY deu origem a uma colecção de canções inegavelmente memoráveis, com o tema-título, «This Time», «Through And Through», «Underground» ou «Method Of Groove» a figurarem ainda entre as mais queridas do fundo de catálogo da banda.

Todos nós entendemos o quão revolucionário esse disco foi e o que fez por todos nós“, conclui Alan Robert. “Foi o álbum que colocou os Life Of Agony no mapa e que nos permitiu criarmos a música que queríamos criar por muitos e muitos anos depois. Além disso, as pessoas estabeleceram ligações viscerais com esses temas, que provaram ter uma longevidade incrível… Mesmo três décadas depois.