HALESTORM

HALESTORM + BLACK VEIL BRIDES + MOTHICA @ LAV – Lisboa Ao Vivo | 02.12.2023 [reportagem]

Muito bem acompanhados pelos BLACK VEIL BRIDES e MOTHICA, os HALESTORM regressaram por fim a Portugal e deram um concerto arrebatador frente a uma plateia totalmente rendida ao enorme talento de LZZY HALE e companhia.

Com os bilhetes esgotados há quase três meses, não seria difícil prever que público no LAV – Lisboa Ao Vivo fosse conhecedor e fã das bandas em cartaz. Verdade seja dita, alguns foram só para assistir à estreia da banda de Andy Biersak em Portugal, mas a grande maioria estava ali para testemunhar o regresso dos muito aplaudidos HALESTORM a solo nacional. As duas bandas movem-se em universos aparentemente paralelos, mas que acabam por cruzar-se – e isso ficou provado ontem.

No entanto, a noite de concertos começou com a actuação de MOTHICA, o heterónimo de McKenzie Ellis que, musicalmente, navega por universos mais pop apoiados em canções bastante orelhudas. Muitas das letras falam dos problemas pessoais que assolaram a vida desta jovem norte-americana, que exorciza o facto ter sido abusada sexualmente enquanto teenager e de se ter refugiado na bebida e nas drogas como escape para os seus problemas.

Nesse âmbito, ouvimos a intensa «Forever Fifteen», tema em que McKenzie canta um pouco dessa história, explicando como tentou acabar com a sua vida e analisando a fundo os problemas de adição. Felizmente, para ela e para nós, está cá para contar a sua história de sobrevivência e, através de canções como esta, pode ajudar muitas pessoas que estejam a passar pelo mesmo, mostrando-lhes que não estão sozinhas e que é possível ultrapassar esses problemas. Feitas as contas, acabou por ser um momento bastante emotivo e que não deixou ninguém indiferente. No alinhamento de oito temas, ainda houve tempo para um inédito e duas versões: «Can You Feel My Heart», dos Bring Me The Horizon, e «All Star», dos Smash Mouth, tema que faz parte da banda-sonora de ‘Shrek’ e que levou o público ao rubro.

Os BLACK VEIL BRIDES, por seu lado, não tiveram de fazer grandes esforços para terem a plateia na mão – bastou-lhes subirem em palco. E o que faz mais confusão é a banda liderada por Andy Biersak nunca ter passado por Portugal anteriormente, por isso esperemos que, depois da noite de ontem, tenha ficado claro que há (muito) público fã dos BLACK VEIL BRIDES por cá e que, por esta altura, já merecem um concerto em nome próprio no nosso país. De «Crimson Skies» e «Rebel Love Song», passando por «Scarlet Cross» e terminando com um hat trick de luxo composto por «Knives and Pens», «Fallen Angels» e «In The End», o público foi cantando os temas de princípio ao fim em devoção total.

Falamos na devoção aos BLACK VEIL BRIDES, mas o que dizer do tsunami de emoções gerado por Lzzy Hale e pelos seus HALESTORM? Já não é a primeira vez que o dizemos e, mais uma vez, ficou bem claro que Lzzy é a melhor vocalista do universo rock da actualidade e a banda, como nos confessou o baixista Josh Smith, não faz nada pela metade. Aquela entrada acapella de «Raise Your Horns» entrando sem dó nem piedade no clássico «I Miss The Misery» é daqueles inícios de concerto que agarram o público desde o primeiro instante.

Com a plateia na mão, seguiram-se «Love Bites (So Do I)» e «I Get Off» com Lzzy Hale, uma vez mais, a mostrar todo o seu portento vocal. Em «Wicked Ways» a frontwoman voltou a brilhar e, depois, ainda houve direito a um momento acústico, durante o qual Hale se preparava para arrancar com «Familiar Taste of Poison», percebendo subitamente que ainda tinham de tocar «Terrible Things» primeiro.

A guitarrista e vocalista agradeceu aos fãs a paciência de terem esperado dez anos para os verem de regresso a Portugal e, muito sinceramente, esperamos não ter que esperar mais dez para vê-los de volta. Pelo meio, ainda tivemos direito a um excelente solo de bateria de Arejay Hale, seguido de «Back From The Dead», «Bombshell» e «I Am The Fire». Já no encore, Lzzy Hale sentou-se ao piano e, depois, a banda teve direito a uns beber uns shots antes de se atirar a «Here To Us». Para o final, estava guardado o «The Steeple», que levou uma vez mais a sala lisboeta ao rubro.

Em suma, foi uma noite memorável e, como diz o ditado, mais vale tarde do que nunca, sendo que ficou claro que tanto os BLACK VEIL BRIDES como os HALESTORM têm de regressar a Portugal rapidamente.