EXODUS

RETROVISOR: EXODUS, «Strike Of The Beast» @ Studio 54, Nova Iorque, 03.01.1985 [vídeo]

Paul Baloff, o carismático ‘frontman’ original dos EXODUS e proverbial dínamo da cena thrash da Bay Area de São Francisco, faleceu faz hoje 21 anos. Recordamos o seu enorme carisma numa actuação lendária

Há uma grande diferença entre ouvir uma banda em casa e vê-la, nem que seja na televisão; aliás, poderia fazer-se uma imensa lista de diferenças, prós e contras. Não interessa a posição, mas há sempre um momento em que se associa uma cara à voz, em que se associa uma imagem ao grupo. Neste caso, estava-se nos primórdios do thrash, tão inicial que o rótulo speed metal era até mais popular.

As bandas de glam rock e as velhas glórias do hard rock já ocupavam os seus espaços na MTV, mas o thrash ainda era tão obscuro que pouco se conhecia para lá das capas dos discos, fotografias em algumas revistas e ocasionais cassetes de vídeo. O que nos traz aqui hoje é uma das VHS mais cobiçadas pelos coleccionadores e uma das edições mais celebradas pelos indefectíveis do thrash — «Combat Tour Live: The Ultimate Revenge».

Editada originalmente em 1985, retracta uma noite única, em que os britânicos VENOM, e os californianos SLAYER e EXODUS partilharam o mesmo palco na cidade de Nova Iorque, a 3 de Abril de 1985.  O vídeo capta as três bandas num momento crucial das suas respectivas carreiras: os VENOM estavam prestes a editar o «Possessed» e a entrar na sua fase descendente, os SLAYER tinham acabado de lançar o «Hell Awaits» (no dia anterior!) e os EXODUS estavam quase, quase a editar o icónico «Bonded By Blood».

É precisamente nos últimos que nos focamos hoje, os heróis muitas vezes injustamente ignorados da Bay Area, que ganharam fama e influência à força da sua abordagem musical e lírica altamente agressiva, comandada com punho de aço pelo inimitável vocalista Paul Baloff. Verdade seja dita, será muito difícil apanhá-los tão aguerridos como nesta gravação, onde assinam uma versão matadora da clássica «Strike Of The Beast», cheios de sangue da guelra e, nitidamente, com algo a provar ao público que tinham pela frente.

Hoje, a qualidade do vídeo é obviamente sofrível, a falta de espaço para as câmaras operarem não é grande, levando o realizador a empregar pequenos truques como uso de still frames ou mudanças de cor, mas está lá basicamente tudo: um Baloff cheio de bravado, Gary Holt e Rick Hunolt a debitarem riffs cortantes à velocidade da luz e o brilhantismo desenfreado da sessão rítmica formada pelo baterista Tom Hunting e pelo baixista Rob McKillop.

O palco é exíguo e, a espaços, quase só se veem cinco cabeleiras num headbanging furioso, cinco músico alimentados a doses cavalares de metanfetaminas, a thrashar como se a banda fosse implodir no final deste concerto. Verdade seja dita, de entre quem ainda se dá ao trabalho de frequentar pequenas salas de espectáculos, quantas vezes conseguiram testemunhar tanta energia acumulada a ser exorcizada assim?

Com esta incontornável edição em VHS, a cena thrash tinha pela primeira um vídeo que a descrevia na perfeição —  nada de enredos com modelos da Playboy, ou palcos super produzidos. O thrash roubava o in your face ao punk, impregnando-o de solos de guitarra e bateria, e os EXODUS mostravam como se fazia.