LACUNACOIL

A guitarrista brasileira fala abertamente sobre os motivos por trás da sua saída das CRYPTA e revela um desejo antigo de explorar novos caminhos musicais.

Sair de uma banda em plena fase de crescimento nunca é uma escolha simples, ainda mais quando se está ao nível das CRYPTA, um dos nomes mais promissores do death metal moderno. Ainda assim, para Jéssica di Falchi, a decisão era mais ou menos inevitável — e estava enraizada numa muito fraca ligação pessoal ao género e à própria dinâmica da banda. Numa live do Bandmate, nova aventura que iniciou recentemente, a guitarrista falou com honestidade sobre as razões que a levaram a tomar essa decisão.

O motivo principal? Uma incompatibilidade artística e emocional que nunca conseguiu ultrapassar nos anos em que passou com as CRYPTA. “Sempre fui muito clara e expliquei que death metal nunca foi o meu ‘rolê’. Nunca escondi isso. Quando aceitei o convite para entrar nas Crypta, fazia sentido, porque, mesmo sendo death metal, ainda era metal — e eu sou uma guitarrista de metal. Achei que, com o tempo, me fosse sentir parte disso.”

Aparentemente, esse sentimento nunca chegou. Segundo Jéssica, desde o início havia uma sensação de não-pertencimento, acentuada pelo facto de ter entrado numa formação já consolidada como a das CRYPTA. Mesmo com dedicação total, faltava a ligação essencial. “Entrei na banda quando ela já existia. E o tempo foi passando, mas eu percebia que, na verdade, cada vez menos me sentia parte do grupo. Nunca me senti parte da banda. Dedicava-me a 101% àquilo, mas percebi que esse sentimento nunca ia mudar dentro de mim.”

A guitarrista diz que não tomou a decisão de forma precipitada. Pelo contrário, tratou-se de um processo de reflexão e amadurecimento, culminando numa escolha que agora vê como necessária e libertadora — o afastamento definitivo das CRYPTA. “Cheguei a um ponto em que pensei: ‘Preciso sair. Quero tocar com outras pessoas. Se surgir a oportunidade de tocar outros estilos que façam mais sentido pra mim, quero fazer isso’. Acho que a vida é isso, uma eterna aprendizagem. E estou na minha fase mais madura, pessoal e profissionalmente.”

A saída de Jéssica foi confirmada pela própria banda através de uma nota oficial divulgada nas redes sociais da banda. No comunicado, as CRYPTA confirmaram que a decisão partiu da guitarrista e que foi acolhida com respeito e compreensão. Por sua vez, Jéssica também fez questão de deixar uma mensagem de gratidão às colegas de banda e aos fãs que a acompanharam na jornada: “Agradeço às Crypta pela confiança no meu trabalho e pelo convite para fazer parte dessa história. Também agradeço muito aos fãs pelo acolhimento e carinho. Vou levar essa experiência comigo para sempre.”

Agora, livre para explorar outras linguagens musicais, Jéssica Di Falchi inicia um novo capítulo da sua carreira. Embora ainda não tenha revelado quais serão os seus próximos passos além do Bandmade, deixa claro que está motivada a reencontrar-se musicalmente e a continuar a crescer como artista. A saída da CRYPTA não foi um fim, mas o princípio de uma nova fase — uma que, por esta altura, até já lhe valeu uma colaboração com os TOOL.