Três ex-elementos dos finlandeses CHILDREN OF BODOM — o baterista Jaska Raatikainen, o baixista Henri “Henkka T. Blacksmith” Seppälä e o teclista Janne Wirman –, revelaram recentemente quais foram as verdadeiras razões que levaram à separação da banda, explicando que “os fãs têm o direito de saber o que aconteceu“. Raatikainen, Seppälä e Wirman anunciaram a sua saída do grupo em Outubro de 2019 e, uns meses mais tarde, emitiram uma declaração em que negavam ter desistido porque tinham famílias para sustentar ou pretendiam reformar-se. “A música é a nossa profissão e a razão das nossas vidas, e as nossas famílias sabem disso“, disseram eles na altura. Agora, numa recente conversa com o jornal finlandês Helsingin Sanomat, o trio discutiu publicamente pela primeira vez as circunstâncias que levaram à separação dos CHILDREN OF BODOM e, por arrasto, à morte do líder e mentor da banda, Alexi Laiho. De acordo com os músicos, a divisão nada teve a ver com o facto de quererem deixar de fazer tours para passarem mais tempo com as suas famílias, que foi a desculpa que Laiho usou para justificar a situação em Novembro de 2019. Em vez disso, o que causou a separação do grupo foi o abuso de substâncias por parte do vocalista e guitarrista, e foi também isso que acabou por matá-lo um ano depois de terem decidido seguir caminhos separados.
Segundo os seus ex-companheiros, o vício de Laiho começou a ter um sério impacto nos CHILDREN OF BODOM em 2008, quando a banda foi para a estrada como “suporte” numa digressão dos SLIPKNOT. Nos anos seguintes, o guitarrista e vocalista prometeu que não voltaria a beber em tour e, embora tenha mantido a sua palavra durante algum tempo, “voltou a entrar em parafuso em 2016“, de acordo com Wirman. Laiho, que tinha um rendimento muito substancial como principal compositor do grupo (todas as outras receitas, dos concertos ao merch, eram divididas por todos), começou então a queixar-se repetidamente que o seu rendimento estava a diminuir e ameaçou retirar-se da AA & Sewira Consulting Oy, a sociedade criada em 2003 para gerir os ganhos da banda. Já no início de 2019, após o manager do grupo ter mencionado o seu abuso de substâncias como sendo um problema numa reunião de negócios em Nova Iorque, Alexi recusou-se a ir para uma clínica reabilitação, mas concordou em consultar um médico. Foi-lhe diagnosticada a diabetes, tendo começado a tomar medicamentos para tratar a doença. Escassos meses depois, o músico acabaria por apresentar um pedido ao Instituto Finlandês de Patentes e Registos para registar os CHILDREN OF BODOM em seu nome, o que compreensivelmente enfureceu os seus companheiros de banda, que viram a manobra como uma tentativa de sequestrar o nome e a marca que era controlada pela sociedade supra citada.
Em Outubro de 2019, durante uma digressão na Rússia, Laiho “tinha voltado a beber como em 2008”, explicaram os músicos ao Helsingin Sanomat. “Lembro-me de dizer ao Alexi que normalmente não se começa a beber logo ao pequeno-almoço antes de um concerto, e de lhe chamar a atenção para o facto de ter deixado de aquecer com a guitarra antes de subir ao palco como sempre tinha feito até então“, recordou o baterista. Laiho acabou por pedir desculpa e deixou de beber nos últimas datas da digressão. “Acho que teve as mãos a tremer durante dois dias, mas os concertos em Moscovo e São Petersburgo correram bastante bem“, acrescentou o músico. Foi mais ou menos por essa altura que Raatikainen, Seppälä e Wirman decidiram então fazer a vontade a Alexi e compraram-lhe a sua parte na sociedade. Laiho reteve os direitos da sua música e continuou a receber royalties sobre as actuações e vendas de discos, mas vendeu a sua parte na sociedade que detinha o nome da banda e os direitos de merchandising. Ainda de acordo com o trio, Alexi manteve-se sóbrio durante toda a última digressão finlandesa dos CHILDREN OF BODOM, que decorreu em Dezembro de 2019 e “trocou mensagens cordiais” com todos eles, mesmo já depois do início da pandemia. Tragicamente, o jovem músico acabaria por falecer a 29 de Dezembro de 2020, na sua casa em Helsínquia, de degeneração do fígado e do tecido conjuntivo do pâncreas induzida pelo álcool.