Dia 1 | 11.08.2022
Pela primeira vez na história do BLOODSTOCK OPEN AIR, uma onda de calor assolou Inglaterra, fazendo com que as temperaturas ao longo dos quatro dias do eento estivessem acima dos 30 graus durante o dia, baixando para os 12 durante a noite. O primeiro dia decorreu apenas no Sophie Lancaster Stage, a tenda que serve como segundo palco, e é aquela noite que, em Portugal, se designa a de recepção ao campista. A grande atracção desta primeira noite foram os suecos DARK TRANQUILLITY, que trocaram de lugar com os THE NIGHT FLIGHT ORCHESTRA – que actuaram no último dia – devido a compromissos do vocalista Mikael Stanne com os seus The Halo Effect no Japão. Ainda antes, chegámos mesmo a tempo de ver os NANOWAR OF STEEL, banda que começou como uma paródia aos Manowar e Rhapsody Of Fire mas que agora já faz música original e tem um contrato discográfico. Quem assiste a um concerto desta gentetem de ir preparado para se divertir, porque nada do que fazem pode ser levado demasiado a sério. Foi precisamente divertimento que entregaram durante a sua actuação. Seguiram-se os NEKROGOBLIN, que se inspiram em duendes para escreverem as suas músicas de death metal melódico. Claro que, durante a hora que os norte-americanos estiveram em palco, tivemos direito a um duende que fazia lembrar o corcunda de Notre Dame e que, de quando em vez, lá ia lançado uns piretes ao público. Finalmente, quando faltavam cinco minutos para as onze da noite, o profissionalismo dos DARK TRANQUILLITY fez-se logo sentir ao som dos primeiros acordes de «Identical To None». Seguiu-se «Transient», também do mais recente disco de estúdio, «Moment». A partir daí, a banda começou a explorar temas mais antigos para gáudio dos fãs presentes, que parecem apreciar todas as eras deste colosso sueco. Para final da actuação, guardaram «ThereIn», «Lost To Apathy» e «Misery’s Crown», que fechou com chave de ouro a primeira noite do festival.
Dia 2 | 12.08.2022
São 10:45 da manhã e o calor já se faz sentir na arena do BLOOSTOCK OPEN AIR. Os RED METHOD tiveram honras de abertura do Ronnie James Dio Stage, o palco principal do evento. A banda britânica pauta-se por uma presença e imagem bastante fortes em palco e que causaram um forte burburinho com a edição do disco de estreia, intitulado «For The Sick», em 2019. Percebe-se de imediato que esse burburinho é válido ao ver os músicos em palco, e são um daqueles grupos que temos que voltar a ver rapidamente. Uma das questões à volta desta sexta-feira era quem seria a banda que iria tocar um set surpresa no festival. Rumores havia alguns, mas certezas nenhumas. No entanto, antes de sabermos então que banda mistério era essa, ainda subiram ao palco principal os britânicos HEART OF A COWARD com o seu metalcore bem delineado. Seguiram-se os suecos SORCERER,e que maravilha de concerto tivemos o privilégio de presenciar. A voz de Anders Engberg é mel para os ouvidos e os cerca de 40 minutos que estiveram em palco souberam pela vida, apesar do calor que se fazia sentir. Por sua vez, os BLOODYWOOD são uma das sensações do momento, com a sua música a misturar ritmos tipicamente indianos com uma óbvia influência nu-metal, que remete para nomes como Linkin Park ou Rage Against The Machine. Energia e interação com o público são uma constante, e certamente que são uma proposta a ter em atenção nos próximos tempos. Finalmente chegada a hora da banda surpresa, sobem ao palco os MACHINE HEAD e, com a tenda a abarrotar de gente, só os fotógrafos oficiais do festival foram autorizados retratar o momento. Nesta que foi a primeira actuação num festival em mais de uma década, Robb Flynn e companhia tocaram dois temas do novo trabalho a sair no final deste mês; «Become The Firestorm» logo a abrir e, já perto do final, «Choke On The Ashes Of Your Hate». Merece referência o facto de, apesar de não ter tocado, Chris Kontos, ex-baterista do grupo, ter marcado presença a acompanhar a banda. Quem também não marcou presença, foi o guitarrista Vogg, que tinha compromissos com os seus Decapitated. Quem acabou por sofrer com a presença dos norte-americanos na tenda, foi DOYLE, que tocou à mesma hora no palco principal. Apesar de não ter muito público pela frente, nada fez parar o punk rock e, segundo o vocalista Alex Story, só tocaram “canções de amor”.
Para quem nunca viu os GWAR ao vivo, fica o aviso: o melhor é não se posicionarem nas primeiras filas, senão correm o risco de ficar com a roupa cheia de “sangue”. Logo a começar, tivemos a decapitação de “Joe Biden”, que ia impedir a banda de tocar. Logo a seguir, tivemos um “american redneck” a ser completamente esventrado com sangue e intestinos espalhados por tudo o que era sítio no palco. Para os mais curiosos, há um documentário sobre a banda a sair brevemente em DVD/Blu-ray. De seguida, no Sophie Lancaster Stage, tocaram as lendas do punk britânico, os DISCHARGE, que deixaram a sua marca e tinham Chris Kontos na lateral do palco, a observar atentamente como se estive a abrir uma prenda de Natal pela primeira vez. Foi então a partir desta altura que o “peixe graúdo” começou a subir aos palcos. Primeiro, os EXODUS no palco, com um arraso e devastação completa por parte da banda de Gary Holt e Steve “Zetro” Souza. Começaram com um tema do mais recente «Persona Non Grata», «The Beatings Will Continue (Until Morale Improves)», seguido por uma viagem ao clássico «Bonded By Blood», com a «A Lesson In Violence». A acompanhar a banda de São Francisco na segunda guitarra está Brandon Ellis (dos The Black Dahlia Murder) no lugar de Lee Altus. Durante a actuação não faltaram também clássicos como «Piranha» e, a terminar, «Strike Of The Beast» a terminar. Ao mesmo tempo que os thrashers da Bay Area actuavam no palco principal, na tenda tocavam os HEATHEN que, sem surpresa, mostraram toda a sua qualidade. Infelizmente, com pouco público pela frente, porque já estava tudo “acampado” no palco principal – os EYEHATEGOD sofreram do mesmo problema e, mesmo assim, viram-se em dificuldades para segurar o pouco público que ainda restava na tenda.
Já os TESTAMENT não tiveram problemas rigorosamente nenhumas em segurar o que quer que fosse! A abrir com «Rise Up», logo seguida da clássica «The New Order», atiraram-se a «The Pale King» e «Children Of The Next Level» com uma força dos diabos, antes ainda de «Practise What You Preach» levar o público ao rubro. Chuck Billy está em boa forma, a dupla formada por Alex Skolnick e Eric Peterson é absolutamente letal nas guitarras e, agora com Dave Lombardo na bateria e Steve Di Giorgio no baixo, esta é uma formação de sonho para qualquer fã de thrash. A terminar, deixaram quatro clássicos: «First Strike Is Deadly», «Over The Wall», «Into The Pit» e «Alone In The Dark». Com os AVATAR a darem show na tenda- e a garantirem que o concerto marcado para Lisboa, em Março de 2023, vai ser um daqueles a não perder – a grande atração do dia eram os BEHEMOTH. A banda apresentou-se com a maior produção que alguma teve , recheada de pirotecnia para dar e vender, que aqueceu ainda mais a temperatura já quente que se fazia sentir. «Ora Pro Nobis Lucifer» abriu as hostilidades e, apesar de alguns problemas iniciais com a voz de Nergal, cedo se percebeu que este ia ser um daqueles concertos para ficar na memória durante muito tempo. Entre alguns clássicos, aproveitaram para tocar três temas do novo disco, «The Deathless Sun», «Off To War!» e «Ov My Herculean Exile». Nergal e companhia também mostraram o seu apoio à Ucrânia com fumos azuis e amarelos e, claro, não faltaram ‘clássicos’ mais recentes como «Bartzabel» ou «Blow Your Trumpets Gabriel», assim como outros mais antigos, nomeadamente «Slaves Shall Serve» ou «Christians To The Lions». Para o encore ficaram guardados «Chwała Mordercom Wojciecha (997-1997 dziesięć wieków hańby)» e «O Father O Satan O Sun». Numa sonoridade completamente diferente, o fenómeno SLEEP TOKEN fechou a noite no palco secundário.