BANDCAMP

BANDCAMP: O fim de uma era?

Após ter sido vendido a uma nova multinacional no final de Setembro, o outrora independente BANDCAMP está a sofrer reestruturações. Há umas horas, metade da equipa da plataforma foi despedida sem aviso e não se sabe como vai ser o futuro.

No final de Setembro, a meio de uma primeira vaga de despedimentos, o Bandcamp foi deixado pela sua empresa-mãe, a Epic Games, e alienado pela Songtradr. Nessa altura, a nova responsável pela plataforma de streaming disse num comunicado que a aquisição iria “ajudar o Bandcamp a continuar a crescer numa empresa que dá prioridade à música e permitir que a Songtradr expanda as suas capacidades para apoiar a comunidade artística”. Até aqui, parecia um cenário perfeito.

No entanto, a verdade é que, até agora, as coisas não têm corrido tão bem como se poderia esperar na sequência das tais declarações. Primeiro, a Songtradr ainda não reconheceu formalmente o sindicato de funcionários do Bandcamp, o Bandcamp United, apesar das conversações anteriores com a Epic Games e de uma petição nesse sentido.

Agora, a Songtradr despediu oficialmente metade da equipa do Bandcamp. A notícia veio originalmente do ex-editor sénior do Bandcamp Daily, JJ Skolnik, e, posteriormente, foi confirmada via e-mail pelo site The Verge pela própria empresa. Como seria previsível, nas últimas horas o clamor nas redes sociais tem sido furioso e bem alto, o que faz todo o sentido — o Bandcamp e o Bandcamp Daily têm vindo a fazer um trabalho incrível ao cobrir cenas de nicho e ao promover boa música, e perceber que esse trabalho não vai ter continuidade devido a uma destruição corporativa sem alma é, pura e simplesmente, trágico.

Também é verdade que, num comunicado anterior, a multinacional já tinha mencionado que “nem todos os funcionários do Bandcamp vão receber ofertas do Songtradr”, mas este despedimento de metade dos funcionários representa um corte demasiado acentuado, que pode até pôr em causa o funcionamento da plataforma. No entanto, infelizmente esse parece ser o lema do mundo corporativo nos dias que correm — “obrigado por todo o trabalho duro, agora ponham-se daqui para fora“.

Recorde-se que, no início do ano passado, o Bandcamp tinha sido adquirido pela Epic Games, a empresa de jogos e de desenvolvimento de software, responsável por jogos de enorme sucesso como o Fortnite e o Unreal Engine, entre outros. Na altura, a aquisição da plataforma de streaming foi apresentada como uma forma de “desenvolver um ecossistema digital para conteúdos, tecnologia, jogos, arte, música e muito mais”.

ACTUALIZAÇÃO:

Desde a publicação original desta notícia, a Songtradr ofereceu um comentário sobre os despedimentos, afirmando que a equipa foi despedida em Setembro e que vai receber compensações da Epic Games. “A partir do dia 16 de Outubro de 2023, a Songtradr adquiriu oficialmente o Bandcamp“, pode ler-se. “Nestes últimos anos, os custos operacionais do Bandcamp aumentaram significativamente. Foi necessário fazer uns ajustes para garantir uma empresa sustentável e saudável, que possa servir a sua comunidade de artistas e fãs.

Após avaliação abrangente, incluindo a importância dos cargos para as operações comerciais eficientes e funções pré-existentes na Songtradr, 50% dos funcionários do Bandcamp aceitaram ofertas para se juntarem à Songtradr. Aqueles que não receberam ofertas vão receber uma indenização da Epic como parte das suas demissões, conforme comunicado a 28 de Setembro. Estamos comprometidos em manter os serviços do Bandcamp que os fãs e artistas adoram, incluindo a participação de receita voltada para os artistas.

Estamos ansiosos para receber o Bandcamp na nossa comunidade alinhada musicalmente“, concluem eles. “Partilhamos uma paixão profunda por tudo relacionado à música e continuaremos a servir os artistas, as editoras e os fãs que tornam tudo isto possível“.