Que tal pegar num tema polémico e transformá-lo em algo ainda mais polémico? Foi o que os MÖTLEY CRÜE fizeram com a «Helter Skelter».

Terão os THE BEATLES inventado o heavy metal? Não, mas andaram perto quando criaram «Helter Skelter» para o seu «White Album». Paul McCartney, diz mesmo ter sido a composição mais pesada que criou para o grupo, com o tema a receber primeiro o título «Hell For Leather». Para adicionar um lado mais obscuro ao tema, entra em cena Charles Manson, que via no «White Album» e, em particular, na «Helter Skelter», um código para o início de uma guerra mundial apocalíptica entre racistas e não racistas.

O título do tema ficaria gravado para sempre a sangue na porta do frigorífico na casa de uma das famílias massacradas pelo clã de Manson. De uma forma, ou de outra, a canção passou a ter uma conotação negra e, talvez por isso, SIOUXSIE AND THE BANSHEES pegassem no tema e fizessem dele um ícone, não desprezando a cacofonia sónica que lhe conferia um tom ainda mais pesado.

Isso aconteceu em 1978 e, poucos anos depois, para «Shout At The Devil», os MÖTLEY CRÜE pegavam no tema e faziam “a sua versão”. Terá sido uma canção realmente escolhida pela sua qualidade ou apenas uma forma de picar os fundamentalistas, associando-o a um disco com um pentagrama e aquele título? A verdade é que, nos dias que correm, essa é apenas só mais uma entrada na vasta lista de temas assassinados pela voz de Vince Neil.

Esse lado obscuro da “malha” foi bem acentuado na excelente versão que os SAMAEL assinaram em 2017, para o álbum «Hegemony». Já a versão dos CALIBAN, aparece musculada e apenas só isso. Mesmo assim, acaba por ser mais interessante que a de Andreas Kisser, claramente uma brincadeira de estúdio. A verdade é que, para ter sido realmente tão bem compreendida pelos suíços do black metal, deve haver mesmo algo estranho a passar-se com este tema.