AQUELA VERSÃO #42: As canções (de outras bandas) que os GUNS N’ ROSES andam a tocar ao vivo

Desde cedo que o grupo de Slash e Axl Rose foi pródigo em libertar versões dos grupos que os influenciaram em primeira instância. Já revisitaram a clássica a «Knockin’ On Heaven’s Door» e a «Sympathy For The Devil», sendo que esta última não é, de resto, a única canção clássica dos THE ROLLING STONES que o grupo aborda. É comum, em alguns espectáculos, tocarem por exemplo acordes de «Wild Horses», um tema que começou a surgir nos alinhamentos com a entrada de Gilby Clark para a banda, e que era usado como introdução a «Patience». Verdade seja dita, tentar reconhecer as versões executadas numa maratona dos GUNS N’ ROSES é sempre um bom passatempo. O próximo Sábado, dia 4 de Junho,marca o primeiro concerto da mais recente digressão europeia do grupo, bem como o primeiro desde Outubro de 2021. No que toca a covers, a «Knockin’ On Heaven’s Door» é sempre certa – afinal, feitas as contas, é o quarto tema mais executado ao vivo pelos músicos desde que o grupo existe. Desconhecem-se as restantes que podem (ou não) incluir no alinhamento, mas a 3 de Outubro, data da última actuação, pôde escutar-se «Slither», um original dos VELVET REVOLVER, que juntavam vários elementos dos GN’R ao malogrado Scott Weiland, dos STONE TEMPLE PILOTS. O tema tem sido, de resto, uma constante durante a Not In This Lifetime… Tour, que marcou a reunião de Axl com Slash e Duff McKagan.

Outro tema que se tem revelado incontornável é «Live And Let Die». O tema que Paul McCartney e os seus WINGS gravaram para a banda-sonora do filme “007 – Live And Let Die”, de 1973, foi adoptado pelo grupo no disco «Use Your Illusion I», em 1991, e tem acompanhado os músicos em palco de forma permanente. É certo que, nos dias de hoje, já não soa tão emocionante como no passado, mas continua a marcar presença nos alinhamentos. Velhinha, e já dos primórdios, é «Shadow Of Your Love». Na realidade não se poderá chamar-lhe bem uma versão, pois é um original dos HOLLYWOOD ROSE, um dos grupos pré- GUNS N’ ROSES. Nem sempre integrando o alinhamento, já é tocada desde os tempos do célebre concerto no The Ritz, em Nova Iorque, que foi gravado para a MTV ainda nos anos 80. Uma novidade nesta abordagem dos GUNS N’ ROSES a clássicos passa por um tema dos SOUNDGARDEN. Pode até parecer algo estranho que Axl e companheiros se rendam assim ao grunge, que acabou a combater o hedonismo de grupos como os próprios GN’R. Claro que haverá sempre a ligação de Duff à cidade e a curiosidade para escutar «Black Hole Sun» é muita, apesar da dura realidade que é o facto de os GUNS N’ ROSES já terem sido a banda mais perigosa do planeta quando, actualmente, ser vocalista de um grupo da época áurea de Seattle se revela ser bem mais mortífero.

Já abordar os THE STOOGES, e permitir que seja Duff a fazê-lo, soa perfeitamente natural, sendo que o baixista até já o fez em alguns concertos a solo. A única surpresa neste caso passa por poder escutar-se uma versão de «I Wanna Be Your Dog», quando em «The Spaghetti Incident?», de 1993, foi «Raw Power» a escolhida. Não será, certamente tão emotiva quanto a original, mas cumpre sempre o seu papel. Já no caso de «Civil War» pode sempre esperar-se um trecho de Jimi Hendrix, da mesma forma que o solo de guitarra de Slash, que deve vir a seguir, irá conter um pouco de Muddy Waters e a expectável abordagem ao tema emblemático do filme “The Godfather”. Nisto tudo, começando logo na escolha, a cover mais discutível será certamente a de «Wichita Lineman». Se, nos Estados Unidos, ainda pode fazer sentido, certamente que abordar o original de Glen Campbell na Europa estará longe de animar as hostes. Mas sim, podia ser pior – imagine-se que os GUNS N’ ROSES escolhiam uma banda local para fazer uma versão? No encore, pode ser que ainda surja outra cover, neste caso para o tema «The Seeker», dos THE WHO. Eis um claro exemplo de um grupo com um catálogo cheio de boas malhas, mas que acabam por soar datadas e a necessitar urgentemente de uma revisão de roupagens, por isso pode ser que esta versão acabe a resultar – já para não dizer que fará muito mais sentido executada deste lado do Atlântico. Na madrugada de Domingo muitos saberão se esta lista de temas teve bastantes spoilers ou não, e a verdade é que, entre a previsibilidade da coisa e a revisitação de clássicos por parte do grupo, o que interessa mesmo é que o balanço final seja feito com um sorriso na cara. Mesmo que a «Whole Lotta Rosie», dos AC/DC, não esteja incluída.