Na passada sexta-feira, mesmo com alguns desafios a nível sonoro, os ANGRA, WITHERFALL e MADZILLA conseguiram mostrar todo o seu talento e paixão na Music Station, em Lisboa.
A noite de sexta-feira, 25 de Outubro, na Music Station, que recebeu os ANGRA, os WITHERFALL e os MADZILLA, revelou-se uma verdadeira celebração do metal, marcada por altos e baixos, sobretudo no que diz respeito ao som. As três bandas, cada uma com o seu estilo e energia, protagonizaram momentos intensos, mas o PA não teve força suficiente para fazer justiça ao talento em palco. Os MADZILLA, oriundos de Quito, mas agora a residirem em Las Vegas, abriram a noite com o seu thrash melódico.
A energia dos músicos era contagiante, e apesar de ainda serem relativamente desconhecidos, deram tudo em palco, mostrando que têm potencial para se destacar. No entanto, o som abafado e a bateria excessivamente alta prejudicaram a actuação, fazendo com que fosse difícil captar todos os detalhes das guitarras e da voz. Ainda assim, assinaram uma boa prestação, e seria interessante vê-los numa nova oportunidade, com melhores condições de som, para poderem assim realmente mostrar tudo o que têm para oferecer.
Seguiram-se os WITHERFALL, que subiram ao palco com o seu heavy/power metal de tendências progressivas e trouxeram na bagagem o seu mais recente álbum, «Sounds Of the Forgotten». Para dar início ao concerto escolheram, no entanto, «Tempest», do anterior «Curse Of Autumn», e deu de imediato para perceber o nível técnico e a intensidade que caracteriza os californianos, com um destaque óbvio a ser a prestação do guitarrista Jake Dreyer, que impressionou com a sua anorme habilidade nas seis cordas, destilando riffs e solos de altíssima qualidade.
Joseph Michael acabou por ser outra revelação, com o cantor a atingir notas impressionantes e a adicionar uma camada emocional às músicas que, certamente, deve ter surpreendido quem ainda não conhecia a banda norte-americana. Temas como «Ceremony Of Fire» e «Insidious» foram muito bem recebidos, e «Where Do I Begin» deixou uma marca profunda nos fãs. Contudo, e mais uma vez, o som abafado revelou-se um problema, impedindo que a riqueza instrumental da banda fosse plenamente apreciada.
Quando os ANGRA subiram finalmente ao palco, o público estava mais do que pronto para receber os veteranos brasileiros. Com uma legião de fãs em Portugal, a banda, que anunciou recentemente um hiato a partir do próximo ano, continua a arrastar muito público e a provar porque é tão querida no nosso país. A entrada foi avassaladora, com dois clássicos, «Nothing to Say» e «Angels Cry», a incendiarem o público desde os primeiros acordes. Seguiram-se duas canções do mais recente álbum, com as duas partes de «Tide Of Changes» a mostrarem que os músicos continuam a inovar e a compor material relevante.
No entanto, um dos momentos mais especiais da noite foi, sem dúvida, a interpretação da muito apreciada «Lisbon». Tocar este tema em Portugal, seja em Lisboa, no Porto ou noutro local do país, é sempre especial tanto para a banda como para os fãs. O tema, que carrega um peso emocional enorme e tem uma ligação única com o público nacional, foi cantado em uníssono e criou uma atmosfera verdadeiramente inesquecível na Music Station.
A banda ainda trouxe ainda uma surpresa para os fãs lisboetas, na forma de «Black Widows Web» com a participação especial de Mylena Monaco, e «Rebirth» foi outro ponto alto do esectáculo, com os fãs a cantarem cada palavra e a vibrarem com a mensagem de renascimento e superação que a música transmite. Em «Ride Into The Storm», Fabio Lione mostrou todo o seu poder vocal, provando por que é um dos vocalistas mais respeitados do metal da actualidade. Para o encore, os ANGRA não deixaram nada por dizer. A recta final, com «Carry On» seguida de «Nova Era», foi um momento de catarse, com o público em euforia.
E sim, apesar do som ter melhorado ligeiramente durante a actuação dos ANGRA, houve vários momento em que parecia alto demais e pouco definido, o que prejudicou a clareza das camadas musicais que são tão importantes na música do grupo. Felizmente, a energia e a dedicação dos músicos conseguiram superar essa adversidade, proporcionando um espectáculo memorável.