O concerto dos VISIONS OF ATLANTIS no RCA Club foi simplesmente épico, consolidando a banda como uma das grandes forças do metal sinfónico actual.

Com bem mais público na assistência que na sua última visita ao nosso país, os VISIONS OF ATLANTIS vieram a Lisboa apresentar o seu mais recente álbum, «Pirates II – Armada», e acabaram por superar as expectativas. No entanto, antes dos austríacos subirem ao palco do RCA Club, coube a SERAINA TELLI “aquecer as hostes”. A artista suíça afirmou-se como uma das grandes surpresas da noite, conquistando o público com uma actuação vibrante e repleta de carisma.

Com uma presença cativante em palco, Seraina destacou-se principalmente pela sua voz bem potente, que impressionou logo desde os primeiros momentos. O espectáculo começou com «Addicted To Color» e «Wish You Well», dois temas tocados com grande determinação, deixando todos presentes rendidos. Depois, num momento mais intimista, «Monkey & Zookeeper», apenas com Telli em palco acompanhada pela sua guitarra, foi outro dos pontos altos. Além disso, a conexão genuína que criou com a plateia e a energia que transmitiu, fizeram deste um concerto memorável, provando que SERAINA TELLI é artista a ter debaixo de olho no cenário rock/metal.

Logo de seguida, a actuação dos ILLUMISHADE foi uma verdadeira demonstração de talento e carisma. Desde o primeiro segundo, a vocalista Fabienne Erni capturou por completo a atenção do público com uma presença magnética e a sua voz poderosa e envolvente. Com um domínio absoluto do palco, Fabienne não só brilhou pelos seus dotes vocais, mas também com o constante head banging, hair flipping e um sorriso contagiante. Ao seu lado, Jonas Wolf impressionou com a mestria na guitarra, desfilando solos técnicos e cheios de sentimento que marcaram cada tema.

O alinhamento começou com força total, com «Elegy» e «Enemy» a abrirem o espectáculo, duas faixas do mais recente álbum da banda, que logo estabeleceram o tom épico da noite. Aliás, os primeiros sete temas focaram-se inteiramente no novo trabalho de estúdio, «Another Side of You», oferecendo aos fãs uma imersão completa no mundo sonoro mais recente dos ILLUMISHADE, com arranjos cuidadosamente trabalhados e uma energia que não se dissipou em nenhum momento. Cada música parecia ser mais intensa que a anterior, mantendo o público completamente envolvido e participativo.

Na recta final, os músicos proporcionaram uma viagem nostálgica ao seu primeiro álbum, «Eclyptic: Wake Of Shadows», tocando algumas das faixas que ajudaram a consolidar a sua base de fãs. Um foi delas foi «Rise», que Fabienne definiu como um tema muito especial e que foi, sem dúvida, um dos momentos deste concerto. Feitas as contas, assinaram uma performance memorável e provaram estar num ponto alto da sua carreira, com uma combinação de talento técnico, carisma e uma forte conexão emocional com o público.

Os VISIONS OF ATLANTIS apresentaram um palco adornado como se a banda estivesse dentro de um barco, e criaram o ambiente perfeito para nos levar até aos sete mares. Tocaram dez temas do novo disco e, apesar da ausência do baixista devido a uma lesão, mostraram uma coesão impressionante, com uma química inegável entre todos os membros. Cada música foi executada com precisão e energia, reflectindo o crescimento artístico do grupo, e a presença de Clementine Delauney em palco foi arrebatadora, especialmente em «Underwater», com a sua voz poderosa e emotiva a arrepiar o público e a criar um dos momentos mais marcantes da noite.

Em «Pirates Will Return» coube ao vocalista Michele “Meek” Guaitoli conseguir algo que poucos conseguem: pôr todo o público literalmente “a remar”, numa interacção que levou a energia do concerto a outro nível. Os VISIONS OF ATLANTIS mostraram ainda o seu lado mais animado em «Melancholy Angel», que fez com que a plateia saltasse em uníssono, provando que estes músicos têm uma capacidade única de criar uma conexão vibrante com os fãs.

No final, esta foi uma daquelas noites verdadeiramente épicas, com o público a sair do RCA de sorriso na cara e com a sensação de ter assistido a algo especial. Este concerto pode muito bem marcar um ponto de viragem na trajetória dos VISONS OF ATLANTIS em Portugal, e se há uma certeza é que na próxima visita vão precisar de um barco maior para acolher todos os seus fãs.