TYPE O NEGATIVE

AQUELA VERSÃO: Afinal, porque há tantas bandas obcecadas com os TYPE O NEGATIVE?

Se, na semana passada, revisitámos as versões feitas por PETER STEELE com os TYPEO NEGATIVE, esta semana falamos de bandas que fazem versões dos TYPE O NEGATIVE de PETER STEELE.

O mês de Outubro, os seus tons de ferrugem, ou de verde bolorento e deslavado. Tons de TYPE O NEGATIVE. Também tons de memória e nostalgia. Infelizmente, ou não, ainda é um nome demasiado actual, por isso não são muitas as versões dos gigantes nova-iorquinos. Se calhar, é para agradecer. Ou, pelo menos, é o que se pensa quando se escuta Violet Orlandi a fazer a «My Girlfriend’s Girlfriend». Será que era mesmo necessária aquela voz linha Nightwish, a dar tons verde alface a um tema que tinha tanto de irónico como de sombrio?

Pelo menos os Caliban, em «Coverfield», de 2011, conseguiram tirar completamente a alma ao tema. Por vezes é melhor um bom morto-vivo que um moribundo. Mais conseguida, talvez, a versão dos suecos 6th Awakening, em 2001, para o álbum «Psycho Path». Já no caso de «Wolf Moon», um tema menor entre os singles da banda, ganha um dimensão maior na voz da sempre fabulosa Cammie Gilbert com os seus Oceans Of Slumber.

Já capaz de tirar um sorriso a Peter é a versão instrumental feita por Twinkle Twinkle Little Rock Star. Sim, existe um disco de nome «Lullaby Versions Of Type O Negative». Pelo menos está listado no Discogs e é melhor nem perguntar porque, entre as várias canções de embalar, está «My Girlfriend’s Girlfriend».

Uma das versões mais interessantes para temas dos drab four é recente, assinada pelos norte-americanos Spirit Adrift, que se atiraram com confiança à «Everything Dies», do colossal «World Coming Down». A malha foi visitada pelos doomsters norte-americanos no EP de Agosto passado, «20 Centuries Gone». Convenhamos, até fica vontade de escutar mais do trio assinado pela Century Media.

O contrário se passa com o tema «Gravitacional Constant», abordado pelos Twitching Tongues no seu «Casa de Diversion Covers Vol. 1». Em 2001, um tributo “manhoso” intitulado «Blood, Sweat And Tears – A Tribute To Type O Negative», tentou homenagear o grupo. Tipo de trabalho característico de uma fase, em que nomes menos e mais conhecidos, com ênfase nos primeiros, tentavam ganhar reconhecimento à custa de artistas afirmados.

Entre as várias versões contidas neste, a dos Graveworm, para «Christian Woman», apresenta black metal meets dungeon synth numa abordagem gótica, o que pode ser mesmo a melhor descrição para mais um tema que passa ao lado do transe que os originais criam. No caso dos escoceses Kamera Obscura, já conseguem capturar algum desse transe na sua versão do tema, apresentada no EP «Copycat – Vol. 2», de 2021.

Porventura, uma das melhores versões para Pete e companhia, eventualmente por conseguirem ler o lado pop com que os nova-iorquinos sempre impregnaram os seus temas. E até o vídeo está à altura, diga-se. «I Don’t Wanna Be Me» é dos singles mais acelerados e, talvez por isso, Matt Heafy e os Trivium, devem ter-se sentido à vontade para estraçalhar o tema, fazendo que soasse a uma mistura de mau glam dos anos 80 com algo dos Nickelback. Felizmente, Peter já tinha falecido por esta altura.

Anos antes, por alturas do «October Rust», os TYPE O NEGATIVE regista, um dos seus melhores temas de sempre, «Love You To Death». Os Pallbearer tomam o tema e conseguem uma grande versão, com alma própria, em que evitam a óbvia abordagem doom, apostando numa mistura de pop melancólico com balada épica. Uma das poucas incontornáveis nesta lista. Alguém poderia ter passado a mensagem aos também norte-americanos Starset, e estes evitariam o embaraço em 2018, no álbum «Vessels 2.0».

Finalmente, um dos temas mais icónicos do grupo, «Black No.1 (Little Miss Scare All)», obrigatório para Hallow’s Eve, pronto a disparar no Spotify de cada gótica trendy que se preze. Para começar, os góticos germânicos Love Like Blood até fizeram uma aproximação engraçada. Numa cópia desesperada de Bauhaus e tudo ao molho e fé em Satanás, os góticos norte-americanos The Electric Hellfire Club, criaram, em 1995, um EP com um medley, onde o tema pontua ao lado de excertos de Carpenter e outros – a evitar, seriamente.

Já os alemães Cinderella Effect conseguem elevar a fasquia, na abordagem ao tema. É o álbum «Pearls» de 2006. Apenas se dispensava a voz infantil a meio do tema, mesmo que isso possua ligação ao nome do grupo. Os End Of Green levam nota alta com a sua versão do tema, conseguindo uma interpretação que faz imaginar como seria a veia hardcore dos TON a pegar no tema, além de carregarem nos graves.

Outubro termina com All Hallow’s Eve, mas o mês será sempre dos TYPE O NEGATIVE, pintado em tons de ferrugem. Pena que, num nome tão icónico, falhem as boas abordagens à sua obra. Talvez se, um dia, os MOONSPELL levarem mais a sério a sua abordagem à «Black No. 1».