TYPE O NEGATIVE

TYPE O NEGATIVE: KENNY HICKEY confirma uma possível homenagem a PETER STEELE

O ex-guitarrista dos TYPE O NEGATIVE admite que há propostas concretas e interesse crescente num cnerto de tributo ao icónico vocalista, 15 anos após a sua morte.

Quinze anos após a morte do carismático vocalista e baixista dos TYPE O NEGATIVE, o ex-guitarrista Kenny Hickey confirmou que têm existido conversas reais sobre a realização de um tributo com os membros sobreviventes da banda e convidados especiais. Em entrevista ao programa Loaded Radio, Hickey revelou que a ideia, há muito discutida pelos fãs, começou a atrair atenção de promotores e agentes.

“Há, sim,” afirmou Hickey. “Muita gente nos tem abordado. Há muitos agentes a contactar-nos. Há dinheiro envolvido, por isso, quanto mais o valor sobe, mais nos vão perseguir.”

Apesar do interesse crescente, o guitarrista sublinha que a participação de Josh Silver, antigo teclista dos TYPE O NEGATIVE, continua a ser o maior obstáculo. Silver, que se afastou da música há anos e trabalha como paramédico em Nova Iorque, mantém-se relutante. “O Josh, neste momento, está muito resistente,” explicou Hickey. “Mas vamos ver. Ele está prestes a reformar-se, por isso, não sabemos o que vai acontecer. Tudo depende de quanto dinheiro estiver em cima da mesa.”

A questão central de qualquer possível homenagem aos TYPE O NEGATIVE reside, naturalmente, na figura monumental de Peter Steele — não apenas pela sua voz profunda e presença cénica, mas pelo estilo singular de tocar baixo. Questionado sobre possíveis vocalistas para um eventual concerto, Hickey foi categórico: “Não, não. É algo muito difícil de imaginar. O baixo dele era ainda mais único do que a voz. Vozes graves há muitas… mas a forma como ele tocava era muito, muito própria.”

Num tom simultaneamente nostálgico e pragmático, o guitarrista reconheceu que, embora aos TYPE O NEGATIVE nunca tenham querido substituir Steele, a ideia de um evento pontual em homenagem ao músico faz cada vez mais sentido. “Um tributo, sim, adorava fazê-lo,” afirmou. “Tenho a certeza de que o Johnny [Kelly, bateria] também adoraria. O Josh, nem tanto — ele anda a recolher partes de corpos no leste de Nova Iorque e não vai parar isso para ensaiar. Mas sim, se alguém tivesse a ideia e tratasse da logística, eu alinhava.”

Desde a morte de Peter Steele, em Abril de 2010, o culto à volta dos TYPE O NEGATIVE não só persistiu como se expandiu. O seu metal gótico sombrio, humor negro e lirismo melancólico continuam a atrair novas gerações de fãs. “É surpreendente, e estou muito grato por isso,” confessou Hickey noutra entrevista ao mesmo programa. “A banda transcendeu. Chegou a uma nova geração. Estamos a ir melhor agora do que antes do Peter morrer. De certa forma, sinto que é um renascimento, e isso é uma prova do trabalho e da honestidade que pusemos na música.”

De facto, o som dos TYPE O NEGATIVE — a fusão entre doom, gótico e melodia — consolidou a sua influência em bandas modernas de metal alternativo. Canções como «Christian Woman», «Black No.1 (Little Miss Scare-All)» e «Love You to Death» continuam a ser revisitadas, reinterpretadas e citadas por músicos de diferentes estilos.

Além disso, esta não é a primeira vez que Hickey aborda a possibilidade de uma homanagem a Steele. Em Fevereiro passado, o guitarrista já tinha dito ao podcast Talk Toomey que via com bons olhos um evento dessa natureza. “Acho que sim. Faria algo assim, sem dúvida,” disse. “A banda parece ter transcendido para uma nova geração, e seria muito fixe reunir alguns vocalistas certos, ou talvez um só, para fazermos uma homenagem. Talvez quatro ou cinco concertos, algo assim. Se conseguirmos convencer o Josh, eu alinhava.”

Na altura, o músico admitiu que Silver era “o ponto de bloqueio”, mas deixou a porta entreaberta: “O Josh sente que já ultrapassou a música, mas nunca se sabe. A nostalgia chega com o tempo. Nunca se pode dizer nunca.” O baterista Johnny Kelly, por sua vez, já tinha manifestado também a sua própria visão sobre o assunto. Em tom de curiosidade, chegou a sugerir Ann Wilson (dos HEART) como uma vocalista ideal para interpretar as partes de Steele, embora reconhecesse que “a Ann Wilson provavelmente nunca ouviu falar dos Type O Negative.”

Embora nada esteja confirmado, a confirmação de que existem conversas concretas e também ofertas de promotores marca o passo mais próximo de sempre para um tributo oficial a Peter Steele. Os fãs, muitos deles demasiado jovens para terem visto os TYPE O NEGATIVE ao vivo, aguardam há anos um momento de celebração e despedida. Se se concretizar, o evento poderá juntar em palco Kenny Hickey, Johnny Kelly e, eventualmente, Josh Silver, acompanhados por convidados capazes de honrarem o legado do homem que transformou a melancolia e o humor negro em arte.

Por agora, Hickey mantém o cepticismo, mas também a esperança: “Depende de muitos factores. Mas se for feito com respeito, e não como uma caça ao dinheiro, talvez seja o momento certo para o fazermos.” Portanto, quinze anos depois, a sombra verde e o sarcasmo mortal de Peter Steele continuam vivos — e a sua ausência, paradoxalmente, parece mais presente do que nunca.