THRASH

THRASH OF THE TITANS: TESTAMENT + OBITUARY + DESTRUCTION + NERVOSA @ 3Olympia, Dublin, Irlanda | 09.10.2025 [reportagem]

Sem qualquer paragem agendada para a península ibérica, a LOUD! viajou até Dublin, na Irlanda, para assistir a uma das paragens da digressão THRASH OF THE TITANS.

Originalmente, os Goatwhore estavam agendados para estar nesta Thrash Of The Titans, mas acabaram por sair e as brasileiras NERVOSA ocuparam rapidamente o lugar da banda norte-americana no cartaz. Eram 18:30 em ponto quando a banda liderada por Prika Amaral subiu ao palco do belo teatro 3Olympia, localizado mesmo no centro da capital irlandesa.

Para esta digressão, a banda voltou a contar com a baixista Hel Pyre — que andou recentemente em digressão com o lendário King Diamond. Foram 25 minutos intensos, que começaram com «Seed Of Death» e «Behind The Wall». Aos poucos o público ia enchendo a sala, que já se sabia estar esgotada a dias da data do espectáculo. «Jailbreak» foi dedicada a todos os fãs e headbangers, e a banda terminou esta actuação ao som de «Endless Ambition».

A seguir, o nível de intensidade aumentou com a entrada dos germânicos DESTRUCTION em palco. O Sr. Schmier anda agora na estrada muito bem acompanhado pelo baterista Randy Black, pelo baixista Damir Eskic e por Martin Furia nas guitarras, sendo que, nesta ocasião, se mostraram muito sólidos. «Curse The Gods» e «Nailed To The Cross» — e, apesar da voz de Schmier não estar a 100%, a entrega em palco de todos os músicos compensou (e de que maneira!) com uma descarga de thrash vicioso.

«Mad Butcher» levou aos primeiros corpos a voar entre o público e «No Kings No Masters», de «Birth Of Malice», do mais recente álbum dos DESTRUCTION encaixou na perfeição entre a «Thrash ’Til Death» e a clássica «Bestial Invasion». A fechar o curto, mas intenso, alinhamento, ouviu-se «Destruction», mais um tema do álbum de 2025, que promete manter-se no alinhamento durante os próximos anos.

E por falar em intensidade, não deve haver muitos adjectivos para descrever melhor a brutalidade que foi o concerto dos norte-americanos OBITUARY. Com o palco envolto em fumo, e com luzes vermelhas e pouca visibilidade, a banda iniciou a sua participação na Thrash Of The Titans, ao som da instrumental «Redneck Stomp» que vai sempre num crescendo de energia, com o headbanging no público a seguir o ritmo do tema.

Ao fim de «Sentence Day», já não havia dúvidas que estávamos perante uns OBITUARY no topo da sua forma, com a voz gutural de John Tardy a soar perfeita. Na bateria, o tempo também não parece passar por Donald Tardy, que continua a tocar nas horas, sempre bem acompanhado por Terry Butler no baixo, e Trevor Peres e Ken Andrews nas guitarras. O clássico «Cause Of Death» foi o grande destaque da noite, com direito a seis temas no alinhamento, numa altura que o LP celebra 35 anos desde a edição original e onde se destacaram o tema-título, «Turned Inside Out»«Body Bag» e, claro, «Chopped In Half».

Pelo meio, ainda ouve tempo para ouvir aquela versão assombrosa da «Circle Of The Tyrants», dos suíços Celtic Frost. O som estava bruto, definido e muito pesado, como manda a lei para este tipo de concerto. Ao fim de uma hora em palco, os OBITUARY despediram-se do público ao som da não menos clássica «Slowly We Rot», que teve direito a um crocodilo insuflável atirado por John Tardy para o público e que percorreu várias zonas do teatro.

O prato forte estava, no entanto, guardado para as lendas do thrash TESTAMENT que, à semelhança dos OBITUARY, estiveram ao seu melhor nível. O alinhamento da banda liderada por Chuck Billy foi soberbo. A banda da Bay Area percorreu quase todas as fases da sua carreira e, para os 75 minutos que estiveram em palco, não se poderia pedir muito mais do que ouvimos. Tudo começou ao som de «D.N.R. (Do Not Resuscitate)», do álbum de 1999 «The Gathering», seguida por «WWIII» e «Practice What You Preach».

Tornou-se rapidamente óbvio que a química na banda é palpável e contagia o público. Chris Dovas é o designado “bicho” na bateria, tocando de forma exímia todos os temas. E claro que não é preciso dizer nada sobre Alex SkolnickSteve DiGiorgio e Eric Peterson, um trio de instrumentistas de alto nível. «Sins Of Omission» foi uma das boas surpresas do alinhamento e, depois de «Native Blood» (onde Chuck Billy contou a história de ter crescido em Dublin… mas na Califórnia), seguiu-se logo a primeira balada desta noite, uma poderosa «Trail Of Tears», sucedida pelo peso de «Low».

«More Than Meets The Eye» manteve o peso na actuação e, depois, Chris Dovas pôde brilhar um pouco mais com o seu curto solo de bateria. A demolidora «First Strike Is Deadly» antecedeu os dois primeiros singles da novidade «Para Bellum», com «Infanticide AI» a soar ainda mais brutal e pesadona ao vivo, e «Shadow People» a surpreender muito boa gente. Com o final do concerto a chegar, Alex Skolnick fez a introdução para a segunda balada da noite, «Return To Serenity», que, segundo o guitarrista, voltou ao alinhamento a pedido dos fãs.

Já na recta final, em pelno frenesim de thrash acutilante, «Electric Crown» e «Into The Pit» levaram outra vez o público ao rubro, mostrando uns TESTAMENT que ainda têm muito para dar com o excelente «Para Bellum» acabado de editar. Agora, estamos a torcer para que Portugal seja contemplado com uma data quando a banda californiana fizer a segunda parte desta Thrash Of The Titans em 2026.