spotify

SPOTIFY: O preço da assinatura ‘premium’ subiu, mas os ‘royalties’ dos artistas ficam na mesma

Sem surpresa, isto é só o SPOTIFY a ser o SPOTIFY. Aparentemente, os músicos não vão receber nem mais um cêntimo.

No início deste Verão, numa manobra que não surpreendeu ninguém, a plataforma de streaming Spotify anunciou um “ligeiro” acerto na sua mensalidade e, quem subscrevia o plano individual, passou a pagar 7,99 euros por mês, mais um euro que até então. O plano Duo, válido para duas contas, passou a custar 10,49 euros, sofrendo um aumento de 1,5 euros; e a assinatura familiar, que permite ter até seis contas, aumentou dois euros, passando a custar 13,49 por mês.

Já com mais de 200 milhões de assinantes, estamos muito orgulhosos por sermoa o serviço de streaming áudio mais popular do mundo e continuamos a oferecer aos utilizadores acesso a músicas sob demanda e sem anúncios, downloads de músicas offline e streaming de música de qualidade“, dizia a empresa na nota de imprensa em que anunciava esses aumentos. “No entanto, o mercado continuou a evoluir desde que fizemos o nosso lançamento e, para podermos continuar a inovar, tivemos de alterar os nossos preços em vários mercados ao redor do mundo. As actualizações vão ajudar-nos a continuar a agregar valor na nossa plataforma.

Ora bem, não é segredo nenhum que muitos artistas, sendo um dos mais recentes Dani Filth, o vocalista dos CRADLE OF FILTH, têm criticado abertamente as práticas do Spotify relativamente ao pagamento de royalties aos artistas, descrevendo-os inclusivamente como “os maiores criminosos do mundo“. Algumas tácticas obscuras, como oferecerem exposição por taxas de royalties ainda mais baixas, não têm ajudado a tornar a plataforma de streaming mais popular aos olhos dos músicos.

Nos últimos anos, os custos das digressões dispararam, as vendas de discos começar a caír e os serviços de streaming não são propriamente uma fonte rentável. Dani Filth, o carismático vocalista dos CRADLE OF FILTH, falou recentemente sobre o assunto numa entrevista com filial grega da revista Rock Hard e revelou o quão difíceis estão as coisas nos dias que correm. “A situação em piorado bastante nos últimos anos“, começou por dizer Dani.

Acho que 2006 foi o ano em que tudo deixou de ser confortável para os músicos — não necessariamente confortável; porque nunca foi confortável. Mas a verdade é que as coisas se tornaram muito mais difíceis com o início da era digital e o surgimento das plataformas de streaming, que não pagam a ninguém. O Spotify é um desses casos, os tipos por trás dessa plataforma são os maiores criminosos do mundo. Acho que tivemos 25 u 26 milhões de reproduções no ano passado e, pessoalmente, ganhei um total de 20 libras, o que é menos do que a actual taxa de trabalho por hora.

Mais adiante na conversa, o músico britânico não se fez rogado e explicou que a ideia generalizada de que os músicos que tocam em bandas grandes são milionários não poderia estar mais longe da verdade. “Acho que as pessoas têm a capacidade incrível de acreditar que quando um músico tem produtos físicos à venda está a ganhar uma fortuna com isso“, explicou ele.

As pessoas não percebem que, além de nós, há muito mais gente a querer a sua fatia da tarte — a editora que nos promove, o manager, os contabilistas. E isso é um problema quando não estás a fazer muito dinheiro, porque não há grande coisa para dividir. Hoje, as bandas lançam edições limitadas a pensar nos coleccionadores, que são as únicas pessoas que ainda compram discos; o resto do pessoal ouve a música em streaming e pronto.

Não há forma de negá-lo; a indústria da música está a passar um mau bocado. Eu continuo a gostar muito de fazer música — não me interpretem mal, adoro fazê-lo — mas, sim, os músicos têm um milhão de obstáculos contra eles. Estamos a passar por um momento muito difícil.

O que é realmente péssimo nisto tudo é que, até ao momento, não há menção absolutamente nenhuma sobre este aumento de preços ter qualquer tipo de efeito nos pagamentos ridículos que os artistas estão a receber do Spotify — e que, de forma vergonhosa, andam na casa dos cêntimos.