Sem surpresa, isto é só o SPOTIFY a ser o SPOTIFY. Aparentemente, os músicos não vão receber nem mais um cêntimo.
A popular plataforma de streaming musical Spotify vai aumentar o preço da subscrição “Premium” em vários mercados internacionais, incluindo a Europa. Segundo a popular publicação norte-americana The Verge, Portugal consta entre os países abrangidos por esta nova vaga de subidas, a par de outros países europeus como Espanha e Itália. A mudança entra em vigor já em Setembro e representa um acréscimo de 1€, passando dos actuais 7,99€ para 8,99€ mensais.
Esta actualização de preços abrange também outras regiões globais, como o Sudeste Asiático, o Médio Oriente, África, América Latina e a região Ásia-Pacífico. A empresa sueca não especificou a lista completa de países afetados, mas confirmou que o aumento será implementado de forma progressiva em todos os mercados exceto os Estados Unidos — o maior mercado do Spotify — onde a alteração já tinha ocorrido anteriormente, em Julho de 2024.
A decisão surge num momento de transformação estratégica para o Spotify, que procura reforçar a sua rentabilidade após vários anos de investimento intensivo e expansão global. A valorização das acções da empresa tem dado fôlego à administração para avançar com esta actualização de preços, já anunciada em Abril deste ano como parte de uma política de ajustamento financeiro para 2025.
Ora bem, não é segredo nenhum que muitos artistas, sendo um dos mais recentes Dani Filth, o vocalista dos CRADLE OF FILTH, têm criticado abertamente as práticas do Spotify relativamente ao pagamento de royalties aos artistas, descrevendo-os inclusivamente como “os maiores criminosos do mundo“. Algumas tácticas obscuras, como oferecerem exposição por taxas de royalties ainda mais baixas, não têm ajudado a tornar a plataforma de streaming mais popular aos olhos dos músicos.
Nos últimos anos, os custos das digressões dispararam, as vendas de discos começar a cair e os serviços de streaming não são propriamente uma fonte rentável. Dani Filth, o carismático vocalista dos CRADLE OF FILTH, falou recentemente sobre o assunto numa entrevista com filial grega da revista Rock Hard e revelou o quão difíceis estão as coisas nos dias que correm. “A situação em piorado bastante nos últimos anos“, começou por dizer Dani.
“Acho que 2006 foi o ano em que tudo deixou de ser confortável para os músicos — não necessariamente confortável; porque nunca foi confortável. Mas a verdade é que as coisas se tornaram muito mais difíceis com o início da era digital e o surgimento das plataformas de streaming, que não pagam a ninguém. O Spotify é um desses casos, os tipos por trás dessa plataforma são os maiores criminosos do mundo. Acho que tivemos 25 u 26 milhões de reproduções no ano passado e, pessoalmente, ganhei um total de 20 libras, o que é menos do que a actual taxa de trabalho por hora.“
Mais adiante na conversa, o músico britânico não se fez rogado e explicou que a ideia generalizada de que os músicos que tocam em bandas grandes são milionários não poderia estar mais longe da verdade. “Acho que as pessoas têm a capacidade incrível de acreditar que quando um músico tem produtos físicos à venda está a ganhar uma fortuna com isso“, explicou ele.
“As pessoas não percebem que, além de nós, há muito mais gente a querer a sua fatia da tarte — a editora que nos promove, o manager, os contabilistas. E isso é um problema quando não estás a fazer muito dinheiro, porque não há grande coisa para dividir. Hoje, as bandas lançam edições limitadas a pensar nos coleccionadores, que são as únicas pessoas que ainda compram discos; o resto do pessoal ouve a música em streaming e pronto.
Não há forma de negá-lo; a indústria da música está a passar um mau bocado. Eu continuo a gostar muito de fazer música — não me interpretem mal, adoro fazê-lo — mas, sim, os músicos têm um milhão de obstáculos contra eles. Estamos a passar por um momento muito difícil.“
O que é realmente péssimo nisto tudo é que, até ao momento, não há menção absolutamente nenhuma sobre este aumento de preços ter qualquer tipo de efeito nos pagamentos ridículos que os artistas estão a receber do Spotify — e que, de forma vergonhosa, andam na casa dos cêntimos.