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SPOTIFY: Em 2024, os artistas só vão receber royalties por canções com, pelo menos, 1,000 reproduções

Resultado, se és músico e os teus temas não chegarem à meta, a malta do SPOTIFY assume que estás a “doar” o teu trabalho só para teres exposição na plataforma.

Bem, os rumores eram mesmo verdadeiros. A partir do próximo ano, o Spotify vai exigir que cada tema presente na plataforma seja reproduzida pelo menos 1,000 vezes por ano para ser elegível para eventual pagamento de royalties. Este limite foi confirmado recentemente pela Music Business Worldwide, que diz que “1.000 streams serão, de facto, o volume mínimo anual de contagem de reproduções que cada faixa no serviço deve atingir para começar a gerar royalties a partir do primeiro trimestre de 2024”.

É claro que, dependendo da envergadura dos artistas, 1,000 reproduções por faixa parecem pelo menos viáveis, mas esse nem sequer é o ponto aqui. A verdadeira conclusão é que o Spotify vai passar a gozar de mão de obra gratuita, chamemos-lhe assim, de uma enorme percentagem de artistas. Imaginem este cenário… Fazes parte de uma banda nova, decides publicar uma maqueta na plataforma nos próximos meses e registas apenas 950 audições. Parabéns! Distribuíste a tua música gratuitamente no Spotify, que está a usar o teu trabalho para continuar a alimentar a plataforma e não paga nada em troca. Pode ser que tenhas melhor sorte em 2025.

A Billboard lançou recentemente uma nova calculadora de royalties que faz exactamente aquilo que estás a pensar que faz. Inseres o número de reproduções e a calculadora mostra o que podes ganhar. Ora bem, nós fizemos o teste e, surpresa!, 1.000 audições valem aproximadamente 4,80 dólares. Menos de 5 euros, portanto. Uma fortuna. AH! E vale a pena lembrar que este novo limite se aplica a tema. Portanto, se tens uma música de “sucesso” num álbum e o resto não estiver a ser ouvido, parabéns! Estás receber royalties por uma fração do teu álbum.

Não estranhamente, segundo algumas fontes, estas mudanças decorrem na sequência das conversações que têm ocorrido entre o Spotify e as três principais editoras do momento — a Universal Music Group, a Sony Music Entertainment e a Warner Music Group. Embora o Spotify e estes três tubarões da indústria já tenham garantido que estas mudanças se destinam sobretudo a impedir fraudes, o que nos parece é que os artistas mais pequenos, que estão a tentar fazer a sua música ser ouvida na plataforma, vão acabar por ser os mais penalizados por esta nova estratégia. O que vocês acham?

Como noticiado anteriormente, lançado no final de Setembro, o mais recente “recurso” da plataforma de streaming cobra aos artistas que queiram promover as suas músicas como um banner pago na parte superior da página inicial do Spotify para chegarem ao que eles chamam “prováveis ​​ouvintes“. O tarifário para uma banda exibir a sua música no Showcase começa nuns redondinhos US$ 100 e esse preço tem por base um custo por clique (CPC) de US$ 0,40.

Já no início deste Verão, e numa manobra que não surpreendeu ninguém, a plataforma de streaming anunciou um “ligeiro” acerto na sua mensalidade e, quem subscrevia o plano individual, passou a pagar 7,99 euros por mês, mais um euro que até então. O plano Duo, válido para duas contas, passou a custar 10,49 euros, sofrendo um aumento de 1,5 euros; e a assinatura familiar, que permite ter até seis contas, aumentou dois euros, passando a custar 13,49 por mês.

Já com mais de 200 milhões de assinantes, estamos muito orgulhosos por sermoa o serviço de streaming áudio mais popular do mundo e continuamos a oferecer aos utilizadores acesso a músicas sob demanda e sem anúncios, downloads de músicas offline e streaming de música de qualidade“, dizia a empresa na nota de imprensa em que anunciava esses aumentos. “No entanto, o mercado continuou a evoluir desde que fizemos o nosso lançamento e, para podermos continuar a inovar, tivemos de alterar os nossos preços em vários mercados ao redor do mundo. As actualizações vão ajudar-nos a continuar a agregar valor na nossa plataforma.

Ora bem, não é segredo nenhum que muitos artistas, sendo um dos mais recentes Dani Filth, o vocalista dos CRADLE OF FILTH, têm criticado abertamente as práticas do Spotify relativamente ao pagamento de royalties aos artistas, descrevendo-os inclusivamente como “os maiores criminosos do mundo“. Algumas tácticas obscuras, como oferecerem exposição por taxas de royalties ainda mais baixas, não têm ajudado a tornar a plataforma de streaming mais popular aos olhos dos músicos.

Nos últimos anos, os custos das digressões dispararam, as vendas de discos começar a cair e os serviços de streaming não são propriamente uma fonte rentável. Dani Filth, o carismático vocalista dos CRADLE OF FILTHfalou recentemente sobre o assunto numa entrevista com filial grega da revista Rock Hard e revelou o quão difíceis estão as coisas nos dias que correm. “A situação em piorado bastante nos últimos anos“, começou por dizer Dani.

Acho que 2006 foi o ano em que tudo deixou de ser confortável para os músicos — não necessariamente confortável; porque nunca foi confortável. Mas a verdade é que as coisas se tornaram muito mais difíceis com o início da era digital e o surgimento das plataformas de streaming, que não pagam a ninguém. O Spotify é um desses casos, os tipos por trás dessa plataforma são os maiores criminosos do mundo. Acho que tivemos 25 u 26 milhões de reproduções no ano passado e, pessoalmente, ganhei um total de 20 libras, o que é menos do que a actual taxa de trabalho por hora.

Mais adiante na conversa, o músico britânico não se fez rogado e explicou que a ideia generalizada de que os músicos que tocam em bandas grandes são milionários não poderia estar mais longe da verdade. “Acho que as pessoas têm a capacidade incrível de acreditar que quando um músico tem produtos físicos à venda está a ganhar uma fortuna com isso“, explicou ele.

As pessoas não percebem que, além de nós, há muito mais gente a querer a sua fatia da tarte — a editora que nos promove, o manager, os contabilistasE isso é um problema quando não estás a fazer muito dinheiro, porque não há grande coisa para dividir. Hoje, as bandas lançam edições limitadas a pensar nos coleccionadores, que são as únicas pessoas que ainda compram discos; o resto do pessoal ouve a música em streaming e pronto.

Não há forma de negá-lo; a indústria da música está a passar um mau bocado. Eu continuo a gostar muito de fazer música — não me interpretem mal, adoro fazê-lo — mas, sim, os músicos têm um milhão de obstáculos contra eles. Estamos a passar por um momento muito difícil.

O que é realmente péssimo nisto tudo é que, até ao momento, não há menção absolutamente nenhuma sobre este aumento de preços ter qualquer tipo de efeito nos pagamentos ridículos que os artistas estão a receber do Spotify — e que, de forma vergonhosa, andam na casa dos cêntimos.