“Agradecemos o vosso apoio contínuo à verdadeira música artesanal escrita por seres humanos”, dizem os CALIBAN, que estão entre as bandas afectadas no SPOTIFY.
Para além dos pagamentos categoricamente baixos aos músicos, uma das questões mais irritantes que o streaming de música apresenta ao utilizador final nos tempos que correm são os artistas incorrectamente identificados. É certo que, naqueles dias em que a partilha de ficheiros P2P ainda estava em alta, corria-se constantemente o risco de danificar o computador de família ao descarregar o que parecia ser uma nova canção do nosso artista favorito. No entanto, hoje em dia, num mundo dominado pelo Spotify, YouTube e muito mais, o processo é um pouco mais sofisticado.
Neste último ano, tornou-se irritantemente comum vermos canções infiltrarem-se na lista de reprodução semanal de novidades de um artista estabelecido, quando claramente não são da banda em questão. Às vezes, isso ocorre porque um artista suficientemente audacioso decidiu adoptar o mesmo nome de uma banda mais popular, levando a que os seus catálogos sejam incorretamente fundidos em prestadores de serviços digitais. No entanto, também podem existir razões mais nefastas em jogo, com “artistas” falsos a tentarem roubar os holofotes e a potencial receita à custa das bandas que imitam.
No caso do Spotify, tudo leva a crer que uma série de bandas associadas aos movimentos do metalcore e do deathcore foram recentemente vítimas dessa manobra de uma forma concertada, com temas a serem carregados nas páginas de perfil no Spotify. Entre as muitas bandas afectadas contam-se os THY ART IS MURDER, ALPHA WOLF, BORN OF OSIRIS, THE GHOST INSIDE, BURY TOMORROW e CURRENTS, entre outras. As canções, rotuladas incorrectamente, como sendo os mais recentes lançamentos desses grupos, apresentam capas semelhantes, aparentemente geradas por Inteligência Artificial, e também música que, pelo som, parece ter sido gerada por IA.
Os CALIBAN foram uma das bandas afectadas pela situação e comentaram o sucedido nas redes sociais: “Queridos fãs, foi lançada uma canção através do nosso perfil de artista no Spotify que não nos pertence. Um artista fraudulento a fazer-se passar pelos Caliban carregou uma canção gerada por IA através de um distribuidor duvidoso e, agora, está programada para lançamento. Os Caliban não estão afiliados a este lançamento. Estamos a trabalhar com a nossa equipa para resolver esta questão. Dito isto, agradecemos o vosso apoio contínuo à verdadeira música artesanal escrita por seres humanos.”
Dada a abordagem descuidada ao design gráfico, e a tentativa de inundar tantas bandas de uma só vez, permanece a dúvida em relação a se isto foi um acto malicioso ou uma campanha elaborada de trolls. De qualquer forma, gerou alguma confusão nas respectivas comunidades dos artistas afectados durante esta semana e, ao momento desta publicação, os temas erroneamente atribuídos parecem ter sido removidos do serviço.