Há 25 anos, os SLIPKNOT, na altura nove mascarados desconhecidos oriundos dos confins dos Estados Unidos, lançaram o seu álbum de estreia na Roadrunner e mudaram para sempre a história do metal.
Quando os SLIPKNOT explodiram em cena com o seu álbum homónimo de 1999, foram colocados imediatamente no caldeirão do nu metal que dominava a música pesada na altura, mas mesmo com bandas como KORN ou LIMP BIZKIT a imprimirem doses consideráveis aos seus registos, os nove mascarados de Des Moines sempre soaram como os seus primos mais zangados e perversos. O que se ouvia ali, senhores e senhoras, não era nu metal — era metal extremo para as massas.
Em paralelo com o som agressivo, a banda do Iowa chamou a atenção do público com o tamanho da sua formação e um visual único. Composto por nove membros, cada músico usava máscaras distintas, que tinham um apelo assustador, explorando uma estética próxima do terror. A música, por seu lado, também não era propriamente comum e, embora o grupo usasse instrumentos típicos de uma formação metal/rock, a formação expandida permitia recursos adicionais, como o uso de percussão, samples e até um DJ.
Editado a 29 de Junho de 1999, «Slipknot» — que a banda considera a sua estreia oficial, apesar de uma “demo” de 1996 intitulada «Mate. Feed. Kill. Repeat.» — afirmou-se desde cedo como um registo capaz de aumentar os níveis de intensidade até aí usados na música pesada mais comercial e marcou o início do relacionamento dos músicos com a Roadrunner Records, que lhes permitiu chegarem rapidamente a uma audiência mais vasta e diversa.
Idealizado pelos membros fundadores Shawn “Clown” Crahan, Joey Jordison e Paul Gray, o conceito dos SLIPKNOT foi definido em «Mate. Feed. Kill. Repeat.» e, depois, refinado quando fizeram uma primeira tentativa de LP completo em 1998. Os seus esforços em estúdio, conjugados com apresentações ao vivo que lhes estavam a permitir construir uma reputação bastante sólida — captaram a atenção de Ross Robinson, que tinha alcançado sucesso com bandas como os KORN, FEAR FACTORY e SEPULTURA.
Muito graças também ao trabalho do produtor californiano, o «Slipknot» explode como uma granada refratária. Depois de uma retorcida introdução, o álbum explode com «(sic)», que começa com batidas desenfreadas e scratches que estalam nas colunas juntamente com os riffs de guitarra. Corey Taylor, que estávamos a ouvir ali pela primeira vez, berrava as suas letras sobre a instrumentação agitada, com a canção a exalar uma postura bárbara, quase primitiva.
Essa aura caótica mantêm-se inalterada ao longo de todo álbum, com transições sólidas entre as faixas. «Eyeless» cresce à custa de constantes quebras repentinas de ritmo, criando um fluxo selvagem que, no melhor dos sentidos, parece até um pouco instável. «Wait And Bleed», um dos singles que os tornou populares, revela-se mais directa a nível da estrutura composicional, mas faz um trabalho tremendo ao estabelecer outras emoções além da raiva com Corey a usar o seu registo limpo e a injectar uma sensação latente de desespero ao ritmo tenso do instrumental.
A alimentar a colecção de canções brutais, entre as quais temos algo como a retorcida «Surfacing» e uma «Spit It Out» escrita para agradar a estádios, temos Mick Thomson e Jim Root nas guitarras, apoiados no (agora) ex-baterista Joey Jordison e no falecido Paul Gray no baixo. Chris Fehn e Shawn “Clown” Chahan forneciam as percussões adicionais, com Sid Wilson e Craig “133” Jones atrás dos gira-discos e do sampler, respectivamente.
Curiosamente, nesta altura, Taylor e Root eram os membros mais novos dos SLIPKNOT — nenhum dos dois tinha participado nas gravações de «Mate.Feed.Kill.Repeat.» — e, quando o álbum homónimo foi editado, a banda já estava na sua sétima formação. Além disso, algumas das canções do alinhamento já estavam na sua terceira encarnação gravada. E o tempo provaria que, em «Slipknot», os nove mascarados do Iowa já estavam no caminho certo.
A raiva e a intensidade contidas no álbum foram tudo aquilo que os SLIPKNOT precisaram para conquistar os ouvintes, com a componente teatral a afirmar-se como aquele elemento que lhes permitiu destacarem-se dos seus contemporâneos da época. Depois, quando foram para a estrada, percebeu-se logo que não havia ninguém como eles, com os nove músicos a trazerem um novo significado à ideia do que pode (e deve ser) um espectáculo over-the-top.
Afinal, quem é que, deste e desse lado, pode esquecer as imagens de Corey Taylor a sacudir o corpo como um animal enjaulado, enquanto o “Clown” batia furiosamente em barris metálicos com um taco de baseball? Uma coisa é certa: ao longo das últimas duas décadas, a jornada dos SLIPKNOT revelou-se notável, e tudo começou com este álbum. Talvez por isso, é vulgarmente visto como uma das obras mais importantes do metal da viragem do milénio; um disco intemporal, recheado de canções que, tanto tempo depois, milhares de fãs continuam a querer ouvir ao vivo, digressão após digressão.