Dúvidas restassem, o baterista brasileiro ELOY CASAGRANDE dá provas irrefutáveis do seu poder técnico numa actuação ao vivo na Austrália.
Eloy Casagrande, o mais recente reforço dos SLIPKNOT, partilhou um vídeo captado directamente da sua bateria durante a execução de «Gematria (The Killing Name)» no espectáculo que a banda deu no dia 8 de março de 2025, no Centennial Park, em Sydney, na Austrália. A gravação, que pode ser vista em baixo, oferece uma perspectiva privilegiada da intensidade e precisão técnica de Casagrande, que tem vindo a consolidar o seu lugar desde que se juntou ao grupo.
Este espectáculo fez parte da etapa australiana da digressão Here Comes The Pain, que celebra 25 anos do álbum de estreia autointitulado dos SLIPKNOT e passa por Lisboa durante o Verão. Lançado em 1999, «Slipknot» marcou o início de uma nova era no metal mainstream, com o seu som visceral e agressivo a definir o caminho para o sucesso global da banda norte-americana.
Recorde-se que, durante uma entrevista recente ao podcast Tone-Talk, Jim Root, um dos guitarristas dos SLIPKNOT, falou sobre a entrada de Eloy Casagrande na banda e o impacto imediato o baterista teve na sua sonoridade. Durante a conversa, Root revelou também que a banda não chegou sequer a considerar outros bateristas para a posição anteriormente ocupada por Jay Weinberg. “Nem sequer experimentámos mais ninguém. O nome do Eloy surgiu, e ele próprio entrou em contacto connosco, manifestando interesse em fazer parte da banda”, começou por recordar o músico.
“O Eloy começou a enviar-nos vídeos… Acho que ele e o nosso baixista já tinham algum tipo de relação — acho que se conheciam através de amigos em comum. Portanto, foi uma decisão óbvia.” O guitarrista dos SLIPKNOT destacou ainda a atitude humilde de Casagrande e o seu grande respeito pelo legado de Joey Jordison, falecido em 2021: “O Eloy tem um respeito enorme pelo legado do Joey, que parece ter sido uma grande influência para ele. O Eloy é tão humilde… É possível ver que vive e respira a sua arte. A sua paixão é tão intensa que me inspira a ser melhor no meu próprio instrumento.”
Casagrande, que se destacou anteriormente como baterista dos SEPULTURA, trouxe uma nova energia para os SLIPKNOT, reforçando a complexidade rítmica da banda sem se desviar das raízes estabelecidas por Jordison. A sua abordagem técnica e poderosa em temas como «Gematria (The Killing Name)» tem sido elogiada tanto pelos fãs como pelos membros da banda, que destacam a sua capacidade de manter a agressividade e precisão que definem o som da banda de Des Moines.
Numa entrevista recente, publicada à edição de Janeiro de 2025 da revista Modern Drummer, Casagrande abriu o coração sobre a sua transição para a banda norte-americana e as complexidades de ter encerrado uma era com os SEPULTURA, banda que integrou durante mais de uma década. Além disso, teceu elogios a Greyson Nekrutman, o seu sucessor na banda brasileira.
Eloy, que ingressou nos SEPULTURA em 2011 com apenas 20 anos, comentou com empatia a chegada de Nekrutman, que assumiu a bateria da banda em circunstâncias similares. “Quando vejo o Greyson a tocar, lembro-me de mim mesmo naquela posição. Ele tem a mesma idade que eu tinha quando entrei na banda. É fascinante,” começou por afirmar Eloy, cuja admiração pelo seu sucessor é evidente. “Ele é um baterista brilhante. Acompanhei os vídeos que ele publicava nas redes sociais, especialmente os de jazz e solos de bateria. É um músico extraordinário e desejo-lhe tudo de bom, assim como ao resto da banda.“
Como é já do conhecimento geral, o ano de 2023 marcou uma grande viragem para ELOY CASAGRANDE. Com o anúncio do fim da carreira dos SEPULTURA, surgiu a oportunidade de integrar os SLIPKNOT, hoje um dos gigantes do metal mundial. “Recebi o convite no final de 2023 através do manager deles. Queriam que fizesse uma audição. Foi uma decisão natural para mim, dado o contexto de encerramento da carreira dos SEPULTURA. Não queria parar de tocar.“
O processo foi, segundo o músico, conduzido com o máximo sigilo. “Nem os SEPULTURA sabiam. Foi uma decisão minha, mantida em segredo até tudo estar alinhado,” explicou Casagrande. “Gravei seis temas no meu estúdio em São Paulo e enviei-os para os SLIPKNOT. Eles pediram que tocasse três canções específicas: «Eyeless», «Purity» e «Gematria». Em Janeiro de 2024, viajei para Palm Springs, na Califórnia, onde passei dez dias com a banda. Durante cinco dias, ensaiámos como se estivéssemos num espectáculo ao vivo, com alinhamentos diferentes a cada dia.“
Quase um ano depois, ELOY CASAGRANDE descreve a emoção de subir ao palco com os SLIPKNOT pela primeira vez: “Ao longo dos anos, toquei muitas vezes com os SLIPKNOT. Partilhámos palcos quando tocava nos SEPULTURA, e esse era o lugar onde sempre quis estar. Cresci a ouvir a música deles, por isso queria ter a experiência de tocar ao vivo com eles, a experiência de tocar com uma máscara na cara. O meu primeiro concerto com a banda foi surreal. Cresci a ouvir a música deles e, de repente, estava ali, a tocar com uma máscara no rosto. Pensei: ‘Isto está mesmo a acontecer’.”
O talento de ELOY CASAGRANDE foi recentemente reconhecido pelos leitores da Modern Drummer, que o elegeram como “o melhor baterista de metal de 2024”. Jay Weinberg, o seu antecessor nos SLIPKNOT, seguiu um novo caminho ao juntar-se aos SUICIDAL TENDENCIES e INFECTIOUS GROOVES, depois de um afastamento que descreveu como “doloroso e inesperado.“
