ANDREAS KISSER, o actual timoneiro dos SEPULTURA, aborda a hipótese de uma colaboração com MAX e IGOR CAVALERA durante a derradeira ’tour’ da banda brasileira.
Na passada sexta-feira, 8 de Dezembro, os lendários SEPULTURA surpreenderam o mundo ao revelar que vão despedir-se dos fãs com uma grande digressão mundial que tem início marcado para 2024 e, como é óbvio, durante a conferência de imprensa em que anunciaram os seus planos, foram confrontados com a possibilidade de algum tipo de colaboração com os irmãos Max e Igor Cavalera, os membros fundadores da banda de Belo Horizonte.
“As aberturas estão sempre abertas“, disse Andreas Kisser, guitarrista e actual timoneiros dos SEPULTURA, entre risos. “A gente sempre faz som com a galera, já convidou os irmãos Cavalera para fazerem parte do documentário, mas eles não aceitaram. A ideia não é fazer uma celebração através de jams, reviver coisas que não estão mais aí. A ideia realmente é celebrar o presente. Os Sepultura estão aqui por causa de nós quatro, e obviamente a equipa, todo mundo que trabalha connosco, os managers”.
“No entanto, as possibilidades estão sempre em aberto, até porque nós nunca fechámos nenhuma porta em nenhum sentido“, continuou o músico. “Portanto, vamos ver. Acho que seria realmente muito interessante ter a participação de todos nesse último concerto, sabem? De quem for possível. Não só quem fez parte da banda, mas também de bandas amigas, para fazer uma grande celebração, uma grande festa. Bandas internacionais, nacionais, fazer um espectáculo realmente memorável. Mas como disse, isso é uma coisa mais para pensarmos mais adiante. Além disso, não estamos dependentes de convidados para fazer esse último concertos. Nós só queremos celebrar.“
A partir de Março de 2024, os SEPULTURA vão passar 18 meses a celebrar o seu passado e presente pela última vez. A ser planeada há dois anos, a última digressão dos icónicos metaleiros brasileiros, designada Celebrating Life Through Death, vai marcar mais um momento especial na vitoriosa história da banda.
Antes da despedida, o derradeiro périplo mundial dos SEPULTURA vai ter início com uma série de datas no Brasil, América Latina e na Europa, com a promessa de datas adicionais a serem reveladas em breve. Como podes conferir em baixo, até ao momento a banda formada por Andreas Kisser na guitarra, Paulo Jr. no baixo, Derrick Green na voz e Eloy Casagrande na bateria não tem qualquer concerto confirmado na Península Ibérica.
“Após quatro décadas cheias de altos e baixos, tendo visitado 80 países e experienciado inúmeras culturas diferentes, tivemos a oportunidade de nos tornar mensageiros do Brasil e espalhar as nossas cores e os nossos ritmos pelo mundo“, disseram os SEPULTURA durante uma conferência que pode ser vista na íntegra em baixo . “Com o nosso último álbum de estúdio, «Quadra», assinámos um destaque da nossa carreira e adicionamos-lhe um capítulo inesquecível seguido da experiência ‘SepulQuarta’ que nos ajudou a superar todos juntos os tempos difíceis da pandemia. Agora, vamos unir forças para uma despedida final e forte. E todos vocês podem fazer parte disso.“
“Estamos felizes e muito gratos por tudo o que pudemos presenciar durante estas últimas quatro décadas”, continuou a banda. “Lançámos óptimos álbuns e demos concertos inesquecíveis, cultivámos amizades, conhecemos os nossos ídolos, contribuímos para colocar o metal brasileiro no mapa mundial e, portanto, sentimos que podemos sair do cenário musical com a sensação de dever cumprido.
Sempre tivemos os melhores fãs do mundo, que nos apoiaram com elogios e críticas, que foram exigentes e inteligentes, que cresceram com a banda e sempre foram leais. Sem vocês nada disto teria sido possível. Este álbum e esta digressão são para vocês. Querida SepulNation_ amamos-vos e amaremos sempre! Eutanásia, o direito a uma morte digna. O direito de escolher viver livre e de escolher quando morrer!”.
Recorde-se que, na sequência de um enorme périplo pelos Estados Unidos, os CAVALERA terminaram recentemente a rota europeia da sua Morbid Devastation Tour. A jornada de vinte datas começou a 9 de Novembro em Wolverhampton, no Reino Unido, e passou por países com França, Bélgica, Alemanha, Noruega, Suécia ou Polónia, entre outros, antes de terminar no passado dia 2 de Dezembro, na República Checa. A acompanhar os irmãos em palco estiveram Igor Amadeus Cavalera (dos HEALING MAGIC e GO AHEAD AND DIE) no baixo e Travis Stone (dos PIG DESTROYER e DESOLUS) na guitarra solo.
Já com quase quatro décadas de ilustre carreira no universo da música extrema underground, os irmãos CAVALERA decidiram regravar os registos brutais que deram início a tudo, o EP «Bestial Devastation» e o álbum «Morbid Visions». Com este regresso às raízes dos thrashers SEPULTURA, ficou bem claro que o vínculo entre o guitarrista/vocalista Max e o baterista Igor só cresceu imensamente ao longo dos anos e a conexão estrondosa entre a dupla tem valido rasgados elogios a este inspirado regresso ao passado.
Editados originalmente em 1985 e 1986, respectivamente, o «Bestial Devastation» e o «Morbid Visions» foram regravados no estúdio The Platinum Underground. Os álbuns foram produzidos por Max e Igor Cavalera com John Aquilino como engenheiro de som. O muito requisitado Arthur Rizk tratou de toda a mistura e masterização de ambos os álbuns e Eliran Kantor tratou de re-imaginar as ilustrações originais das capas.
“À medida que vamos ficando mais pesados ano após ano, às vezes sentimos necessidade de voltar a onde tudo começou!“, declarou o Cavalera mais velho. “Nesse sentido, regravámos o «Bestial Devastation» e o «Morbid Visions» com o incrível som de agora, mas mantendo o seu espírito cru e intemporal. As artes das capas refletem os tempos em que vivemos… Apocalípticos como o inferno! Temos também duas novas canções feitas com riffs daquela época“.
Igor, por seu lado, diz que sempre sentiu que as gravações desses discos mais antigos “não faziam justiça à maneira como os temas eram tocados. Portanto, este é um momento muito especial nas nossas vidas e estamos muito orgulhosos de mostrar a nossa verdadeira representação de discos incríveis como o «Bestial Devastation» e o «Morbid Visions» com uma nova identidade visual insana“.
Max Cavalera abandonou os SEPULTURA em 1996, após o resto da banda ter decidido “dispensar” a sua esposa, Gloria, como manager da banda. Igor Cavalera manteve-se no grupo por mais dez anos antes de abandonar e juntar-se a Max nos CAVALERA CONSPIRACY.