SEPULTURA

SEPULTURA: 37 anos de «Morbid Visions»

Editado originalmente a 10 de Novembro de 1986, o álbum de estreia dos SEPULTURA afirmou-se como um dos registos pioneiros da tendência black/death metal.

A história dos brasileiros SEPULTURA começa, em Belo Horizonte, no ano de 1983. Mais precisamente no exacto momento em que os irmãos Max e Igor Cavalera, decidem convidar dois colegas de liceu, Paulo Jr. e Jairo Guedz, para formar uma banda. Um ano depois, o dono da Cogumelo Records vê-os tocar num festival e contrata-os de imediato, seguindo-se a edição de «Bestial Devastation». Gravado em dois dias (e partilhado com os Overdose), o disco é editado em 1985 e dá origem a uma digressão pelo Brasil, que antecede o lançamento do álbum de estreia no ano seguinte.

Editado originalmente a 10 de Novembro de 1986 pela Cogumelo Records, o «Morbid Visons» celebra hoje o seu 37.º aniversário. Produzido pelos próprios SEPULTURA — em parceria com Eduardo Santos e Zé “Heavy” Luiz –, no Studio Vice Versa, em São Paulo, durante o mês de Agosto de 1986, o «Morbid Visions» afirmou-se, ao lado dos registos de estreia dos POSSESSED, SODOM e CELTIC FROST, como um dos discos pioneiros da tendência black/death metal.

Enquanto o EP «Bestial Devastation», editado no ano anterior, estabeleceu a banda liderada pelos irmãos Cavalera como uma das mais brutais propostas de “proto-death metal” da época, o «Morbid Visions» foi crucial para o aparecimento da chamada “primeira vaga do black metal”.

Não estranhamente, mais de três décadas depois, o álbum de estreia dos SEPULTURA, assim como o «Obsessed By Cruelty», dos SODOM, e o «INRI», dos conterrâneos SARCÓFAGO, continua a superar grande parte dos álbuns da chamada “segunda vaga”. Além disso, este que foi o último álbum dos brasileiros a contar com a participação do guitarrista Jairo Guedz e, um ano depois, a banda lançaria o «Schizophrenia», já com Andreas Kisser como guitarrista solo.

«Schizophrenia», o último disco para a Cogumelo e aquele em que começam realmente a dar que falar, vendeu cerca de 10.000 cópias nas primeiras semanas. A New Renaissance lançou-o depois nos Estados Unidos e, em 1989, surge a oferta por parte da Roadrunner Records para um contrato de sete anos, que assinam para o lançamento do derradeiro terceiro disco.

Gravado em nove dias e produzido por Scott Burns, o hoje clássico «Beneath The Remains», afirmou os SEPULTURA como sérios candidatos ao pódio do thrash, sendo considerado um dos melhores discos do ano e comparado ao «Reign in Blood», dos Slayer. Os SEPULTURA fazem pela primeira vez uma tour fora do Brasil, que inclui uma paragem no Dynamo Open Air, onde tocam frente a cerca de 26.000 pessoas e conhecem Gloria Bujnowski, que se transforma na manager do grupo.

É aí que começa a escalada para o sucesso… Em 1991, tocam no Rock in Rio II para 50.000 pessoas e, dois
meses depois, lançam «Arise», que vende cerca de 160.000 cópias nas oito primeiras semanas. Sucedem-se muitos concertos e, dois anos depois, «Chaos AD», o primeiro com influências tribais e que dá origem aos singles «Refuse/Resist», «Territory» e «Slave New World». No mesmo ano, são a primeira banda proveniente de um país de Terceiro Mundo a tocar no Monsters of Rock, no Reino Unido, frente a um mar de gente.

Em 1996, o single «Roots Bloody Roots» antecede o álbum «Roots», o trabalho mais experimental da sua carreira até à data, incluindo um tema com participação de Carlinhos Brown, dois gravados com os índios Xavantes e presença de percussão, berimbau e batidas tribais ao longo de todo o disco. A meio da tour mundial de promoção, a banda é informada da morte de Dana Wells, um dos filhos de Gloria. Tocam como trio no Monsters of Rock desse ano e terminam a tour no Ozzfest, após cancelarem três semanas de concertos nos Estados Unidos.

Em Dezembro de 1996, rebenta a bomba: Max Cavalera deixara a banda, depois de Gloria, a sua mulher, ter sido despedida pelos outros três membros dos SEPULTURA. O próximo ano e meio foi de indefinição, com o silêncio quebrado apenas pela compilação «Blood-Rooted». Só no início de 1998 voltam então ao activo, com o norte-americano Derrick Green na voz e Kisser a assegurar todas as partes de guitarra.