SEPULTURA

SEPULTURA: 35 anos de «Beneath The Remains»

Mais de três décadas depois, o «Beneath The Remains», dos SEPULTURA, continua a ser um dos albuns de death/thrash mais essenciais de todos os tempos.

Foi em Belo Horizonte, corria o ano de 1983, que a história dos brasileiros SEPULTURA começou. Mais precisamente no momento em que os irmãos Cavalera, Max e Igor, decidiram convidar dois colegas de liceu, Paulo Jr. e Jairo Guedz, para formar uma banda. Um ano depois, o dono da Cogumelo Records vê-os tocar num festival em Belo Horizonte e contrata-os de imediato, seguindo-se a edição de «Bestial Devastation».

Gravado em dois dias (e partilhado com os conterrâneos OVERDOSE), o disco foi editado em 1985 e deu origem a uma digressão pelo Brasil, que antecedeu o lançamento do álbum de estreia, «Morbid Visions» e a troca de Jairo por Andreas Kisser em 1986. O passo seguinte foi dado com «Schizophrenia», o último LP para a Cogumelo e aquele em que começam a dar que falar, vendendo cerca de 10.000 cópias só nas primeiras semanas. A New Renaissance lançou-o depois nos Estados Unidos e, em 1989, surgiu a oferta por parte da Roadrunner Records para um contracto sete anos, que assinam para a edição do terceiro disco.

Gravado em nove dias e produzido, o hoje clássico «Beneath The Remains» afirmou-os como sérios candidatos ao pódio do thrash, sendo considerado um dos melhores lançamentos do ano e comparado ao «Reign in Blood», dos Slayer. Os SEPULTURA fazem pela primeira vez uma tour fora do Brasil, que inclui uma paragem no Dynamo Open Air, onde tocaram para cerca de 26.000 pessoas e conheceram Gloria Bujnowski, que se transformou na manager do grupo. Foi aí que começou a sua escalada para o sucesso…

Originalmente editado a 7 de Abril de 1989 pela Roadrunner Records, o terceiro álbum dos SEPULTURA, quarteto então formado por Max Cavalera, Andreas Kisser, Paulo Jr. e Igor Cavalera foi lançado há precisamente 35 anos. O muito aplaudido sucessor do promissor «Schizophrenia», que tinha sido lançado dois anos antes e marcado o início da colaboração com o guitarrista Andreas Kisserfoi gravado entre os dias 15 e 28 de Dezembro de 1988 nos estúdios Nas Nuvens, em São Paulo, no Brasil.

O disco marcou a estreia dos SEPULTURA com o produtor norte-americano Scott Burns, engenheiro de som de eleição das bandas de death metal dos 90s, com quem voltariam a trabalhar no sucessor «Arise», dois anos depois. Para todos os efeitos foi, no entanto, o «Beneath The Remains» que fez com que a banda brasileira deixasse de ser apenas uma curiosidade obscura e exótica proveniente do terceiro mundo para se transformar numa das propostas mais entusiasmantes na arena internacional da música extrema.

Assim que a introdução acústica dá lugar à brutalidade violenta do tema-título, o ouvinte é impulsionado pela velocidade e intensidade de uma colecção de nove temas perfeitos, que terminam em apoteose com a descarga impiedosa de «Primitive Future».

Pelo meio, os SEPULTURA servem os seus primeiros êxitos, «Inner Self» e «Stronger Than Hate», mas nunca comprometem a intensidade da descarga, com «Mass Hypnosis», «Sarcastic Existence» ou «Slaves of Pain» a afirmarem-se como verdadeiros petardos de inconformismo raivoso. Feitas as contas, mais de três décadas depois, o «Beneath The Remains» continua a ser um dos álbuns de death/thrash mais essenciais de todos os tempos.