Os mestres suíços do metal extremo SAMAEL voltam à acção com uma faixa que funde escuridão, peso e misticismo industrial.
Após oito longos anos de silêncio discográfico, os SAMAEL voltam à carga. O novo single, «Black Matter Manifesto», marca o regresso triunfal de uma das bandas mais visionárias do metal extremo europeu — e não deixa créditos por mãos alheias. Misturado por Sky Van Hoff, conhecido pelo seu trabalho com LINDEMANN e SLEEP TOKEN, o tema surge como uma síntese feroz das múltiplas facetas do universo sonoro dos suíços: uma esplendorosa viagem entre a energia do black metal, a densidade industrial e a monumentalidade quase ritual que sempre caracterizou o grupo.
Formados em 1987 pelos irmãos Vorph e Xytras, os SAMAEL transformaram-se rapidamente num nome incontornável na evolução do metal extremo. Desde o seminal «Worship Him», de 1990, que capturou a crueza do black metal primitivo, até ao visionário «Passage», de 1996, que veio expandir os horizontes do género através da fusão com elementos electrónicos e sinfónicos, a banda tem funcionado sempre como um laboratório de mutações estilísticas. Quase quatro décadas depois, continuam a desafiar convenções e a moldar o seu próprio território estético.
Em «Black Matter Manifesto», essa identidade mutante dos SAMAEL volta a afirmar-se com intensidade. A canção é descrita como uma autêntica orgia de riffs, ritmos urgentes e atmosferas densas, reflectindo a fusão única entre o peso metálico e a precisão mecânica das máquinas. O resultado é um som, ao mesmo tempo, apocalíptico e muito calculado, que reafirma a singularidade da banda dentro das fronteiras mais sombrias do metal contemporâneo.
“Os opostos na vida têm sido um tema recorrente nas letras da banda, e encontraram finalmente a sua resolução em «Black Matter Manifesto». A busca pela harmonia termina onde reina a escuridão”, explica Vorph numa curta declaração à imprensa. Ainda assim, a frase sintetiza a tensão filosófica que sempre atravessou o trabalho dos SAMAEL — a dualidade entre luz e sombra, entre humanidade e máquina, entre espiritualidade e niilismo.
Recorde-se que o lançamento deste single surge num momento de renovação criativa para a banda. Em Dezembro de 2024, o guitarrista Thomas “Drop” Betrisey revelou nas redes sociais uma fotografia de Vorph e Xytras no estúdio, acompanhados pelo lendário produtor sueco Daniel Bergstrand — conhecido pelas suas colaborações com nomes como MESHUGGAH, IN FLAMES e BEHEMOTH. Na legenda, Drop anunciava com entusiasmo: “O lendário Daniel Bergstrand viajou até à Suíça para produzir as linhas vocais do próximo álbum dos SAMAEL. Posso dizer com confiança que estas faixas são extraordinárias!”.
As palavras de Drop confirmam aquilo que «Black Matter Manifesto» já deixa antever — o prelúdio de um novo LP, cuja chegada está prevista para breve. Caso se confirme, este será o aguardado sucessor de «Hegemony», de 2017, o último LP de estúdio dos SAMAEL, que foi lançado através da Napalm Records, e consolidou a fusão entre metal industrial, black metal e electrónica que os tem caracterizado durante as últimas décadas.
Desde então, a formação do grupo também sofreu algumas alterações. Em 2020, os SAMAEL anunciaram a entrada do baixista Ales Campanelli, antigo membro dos SYBREED, OBSYDIANS e THE ERKONAUTS. A sua integração foi natural, tendo em conta a longa ligação musical com Drop e também a familiaridade com o universo da banda. Campanelli fez a sua estreia ao vivo nesse mesmo ano, durante o Tohuwabohu, um festival digital de metal onde os fãs podiam pagar o que quisessem para assistir às actuações.
A chegada de Campanelli coincidiu com um período de reestruturação interna. O histórico guitarrista Marco “Makro” Rivao deixou o grupo em Abril de 2018 para seguir novos caminhos, e Drop, até então baixista, assumiu as guitarras — função que mantém desde então. Antes de Campanelli, essa posição de baixista tinha sido ocupada por Pierre “Zorrac” Carroz (dos SCARS DIVIDE e HEROD), entre 2018 e 2020.
A formação actual — composta or Vorph, Xytras, Drop e Campanelli — representa, assim, uma nova fase de energia e reinvenção para os suíços e o lançamento de «Black Matter Manifesto» não marca só mais um regresso, mas também uma afirmação de vitalidade. Os SAMAEL continuam a explorar os limites do metal através de um olhar que é simultaneamente futurista e espiritual, mantendo viva a chama de uma estética que sempre recusou o conformismo.















