Rui Moreira aponta a Escola Pires de Lima como solução para os músicos do C.C. STOP, mas só no fim do ano

Como avançado aqui, todas as lojas sem licença localizadas no C. Comercial STOP, no Porto, foram encerradas na manhã de ontem, terça-feira, 18 de Julho. O edifício, localizado na Rua do Heroísmo, tem 126 lojas, sendo que, de momento, está garantida apenas a continuidade de operação de 21 lojistas. Alegadamente, este encerramento deve-se sobretudo a queixas de ruído que remontam já a 2009 e aconteceu no seguimento de um despacho do vereador Ricardo Valente, do pelouro das Atividades Económicas e Fiscalização. Em Outubro de 2022, a LOUD! já tinha noticiado que o STOP poderia encerrar portas em breve por questões de segurança. Hoje, quarta-feira, 19 de Julho, Rui Moreira, o Presidente da Câmara do Porto, indicou a Escola Pires de Lima como solução para os músicos desalojados do STOP, garantindo que as instalações estariam prontas a receber os artistas no final do ano.

Segundo a Agência Lusa, em conferência de imprensa depois de estar reunido com a associação que representa os artistas durante esta manhã, Moreira salientou que a vantagem daquela escola, que será desactivada já no início do próximo ano lectivo, passando os alunos para a Escola Alexandre Herculano, é que aquela é da autarquia, pelo que seria o município a suportar as despesas de adaptação do espaço. “Hoje tivemos mais uma reunião com a associação [que representa os músicos que ocupavam o Stop] esta manhã, voltámos a falar na questão do Silo Alto, avançamos também com uma outra solução que nos parece possível. Nós vamos ter a escola Pires de Lima, que é mesmo junto ao Stop, vai ficar livre antes do fim do ano porque os alunos vão ser transferidos para o Alexandre Herculano, é uma escola que tem uma data de salas de aulas disponíveis“, apontou o Presidente da Câmara do Porto.

Segundo o autarca independente, esta é uma solução que agradou aos músicos. “Ficaram muito satisfeitos com a solução Pires de Lima, que tem uma vantagem, é a 200 metros do Stop. É uma solução mais próxima. Tudo o que é desenraizar um ecossistema tem sempre consequências. A proximidade da escola Pires de Lima acho que lhes interessou muito“, disse Rui Moreira. A EB 2,3 Doutor Augusto César Pires Lima passou para a alçada da autarquia com a descentralização de competências e vai ficar desocupada em Setembro, com a passagem dos alunos para a escola Alexandre Herculano. “Transformar antigas salas de aulas em salas para músicos é uma coisa relativamente fácil. [Os músicos] podem conviver com o Norte Vida, temos salas disponíveis, é um espaço enorme que tem seis unidades completamente autónomas. Parece-nos uma ideia ótima para a cidade“, considerou o autarca. Rui Moreira garantiu ainda que os custos de adaptação do espaço vão ser por conta da autarquia, obra essa que a câmara não podia fazer no Stop por este espaço não ser propriedade do município.

Sobre a contestação à volta do processo de despejo das mais de 100 lojas que funcionavam sem licença, que começou na terça-feira, o autarca disse compreender a reacção dos músicos afetados, mas acusou a CDU e o Bloco de Esquerda (BE) de aproveitamento político da questão. Ontem, terça-feira, em comunicado, a Câmara do Porto avançou que estavam a ser seladas 105 das 126 lojas daquele estabelecimento comercial, numa operação que começou de manhã e obrigou à saída dos lojistas e músicos. Ainda antes do fecho dos espaços estar concluído, foi improvisado um protesto com cartazes em que se podiam ler as mensagens “A Casa da Música é aqui“, “Queremos justiça“, “Estão a matar a cultura“, “Queremos trabalhar“, “É o nosso ganha pão” e “Processo de má-fé“. À Lusa, a Associação de Músicos do Stop alertou que quase 500 artistas ficavam sem “ter para onde ir“.