Se o sucesso é algo complicado de obter, ainda mais difícil é quando a vida real teima em cruzar-se violentamente com a carreira. Foi assim nos dias recentes com Terry Butler, dos OBITUARY, e Shawn “Clown” Crahan, dos SLIPKNOT, ambos a perderem as respectivas filhas.
Olhando para trás, no RETROVISOR, certamente que não se pode esquecer a brilhante actuação dos SLIPKNOT no Rock In Rio de 2004, em Lisboa, em que fizeram esquecer quem a eles se seguiu. Já antes o grupo tinha brilhado no Ermal e, em particular, no então Pavilhão Atlântico, em que toda a assistência teve, literalmente, de ajoelhar. Quem olha e escuta a energia e raiva deste «Disasterpiece» está longe de prever as dificuldades que os nove de Iowa viriam a enfrentar ao longo da sua carreira, em particular com a morte do baixista Paul Gray a 24 de Maio de 2010 e alvo de um tributo muito particular, no palco do festival Download do ano seguinte. A isto há que juntar o processo de doença de Joey Jordison, que levaria à sua saída e a um conflito hoje em aberto.
Ao fim de cinco anos de silêncio e quando se devia estar a celebrar a eminente saída de «We Are Not Your Kind», ou a brilhante presença no Jimmy Kimmel Live, chega primeiro a notícia da operação de Corey Taylor e depois a brutal notícia da morte de Gabrielle Crahan, filha mais nova do percussionista Shawn “Clown” Crahan. A escassos meses de mais uma passagem por Portugal, vale a pena rever este «Disasterpiece» e torcer para que a vida real não oblitere a arte, ou pelo menos não a comprometa.