“Eu gostava de ver o Frank Carter, deve ser giro“, diziam da redacção da LOUD! antes de se arrancar para mais uma edição do Resurrection Fest. Por acaso a actuação cruzava-se com a dos nacionais Sinistro e já se chega ao palco tardiamente. A imagem não é de um mosh pit, ou de uma vaga de crowd surfing, é mesmo FRANK CARTER que, num gesto messiânico, caminha sobre o público. Literalmente. Breves segundos especado a ver e a tentar perceber tudo aquilo e só depois o reflexo de pegar na máquina e disparar umas chapas. A imagem produzida para quem ali chegava não permitia muito mais reacção.
Em «Juggernaut», na digressão de 2016, intitulada Modern Ruin, o vocalista que já foi dos Gallows e dos Pure Love, aproveitava o tema para caminhar até meio do público. Chegado a meio do recinto, convidava a descerem-no e arrancava para «Lullaby», estático, no meio de um furioso circle pit. Passava a «Fangs» e pedia a todos para se sentarem, enquanto dava um carácter quase intimo ao tema. Em poucos minutos, tinha tirado todas as emoções possíveis de uma plateia. Em poucos minutos tinha transformado um concerto em algo memorável, algo que por muitos anos se poderá contar. E, depois, regressou ao palco para prosseguir um concerto arrasador. Repetiu isso por toda a digressão, mas nem por isso a originalidade e espontaneidade diminuíram. Aliás, ainda hoje encena os passos em «Juggernaut» — fê-lo este ano, aqui na Europa. Brilhante, como sempre.
Frank Carter inventou o crowd walking e certamente que não haverá nenhum golden circle ou seja lá que for que o pare. É desta matéria que se faz um verdadeiro frontman!