Os lendários RAMONES protagonizaram um daqueles episódios verdadeiramente insólitos da história do rock e do metal.
A música pesada, sobretudo a mais underground, tem uma história bastante rica em episódios extremamente cruéis e até macabros. Muitos deles ocorreram no início dos 90s, paralelamente à afirmação e expansão do black metal norueguês. Os crimes cometidos por alguns nomes da cena tornaram-se infames e, entre eles, conta-se o esfaqueamento fatal de um homosexual protagonizado por Bard Faust, o baterista dos EMPEROR, e, claro, a altercação entre Varg Vikernes, o estratega de BURZUM, o Øystein Aarseth, guitarrista dos MAYHEM e um dos pilares da tendência, que acabou com este último a ser também esfaqueado até à morte.
Como será fácil de prever, esses acontecimentos provocaram um enorme rebuliço por toda a Europa e em nada ajudaram a reabilitar a imagem dos metalheads; se já não era muito bem vistos pela sociedade, os “metaleiros” passaram a ser considerados marginais inconsequentes com tendências criminosas.
Como se os crimes acima mencionados não fossem suficientes, na altura foram também queimadas várias igrejas — as ruínas de uma delas, a Fantoft Stave Church, figuram até na capa do EP «Aske», de BURZUM — na Noruega. Agora percebemos que o impacto dessa onda de crime foi muito mais profundo do que se pensava, prejudicando, inclusivamente, músicos que têm tanto em comum com o black metal como o Camané tem com o death/grind.
Pois é, os RAMONES foram impedidos de tocar na Noruega — por causa do black metal. Num artigo publicado pela KERRANG!, datado de 1994 e recuperado recentemente, com o satanic panic a chegar ao Reino Unido através dos actos de vandalismo levados a cabo por uma banda chamada NECROPOLIS, o jornalista Chris Watts sondou uma série de músicos em relação ao movimento black metal.
Entre as “estrelas” abordadas estavam Bruce Dickinson e Joey Ramone, com o frontman da banda nova-iorquina a revelar que a sua banda foi proibida de tocar na Noruega depois de alguém ter sido apanhado a saquear uma igreja enquanto vestia uma t-shirt dos RAMONES. “A sociedade está a ficar cada vez mais doente”, constatava o entretanto falecido Joey.