48 anos! Quase meio século de «Rising», dos RAINBOW, um clássico sem igual.
A sabedoria popular diz que “a história se repete em ciclos“ e que, por isso, “devemos usar os exemplos passados para enfrentarmos melhor os factos presentes.“ Pois bem, da próxima vez que se lamentarem porque este ou aquele músico da vossa banda favorita decidiu abandonar o barco, tratem de manter esses dois conceitos em mente. A verdade é que nunca se sabe muito bem o que sairá duma manobra desse género e, em muitos casos, tem dado origem a coisas tão brilhantes quanto os grupos de origem.
Tomem-se, como exemplo, os RAINBOW. Em 1975, a saída de Ritchie Blackmore dos DEEP PURPLE deixou os fãs da banda furiosos, mas a verdade é que a separação acabou por dar origem a resultados que, naquele momento, provavelmente ninguém poderia ter imaginado. Os DEEP PURPLE encontraram um substituto à altura de Blackmore em Tommy Bolin e, uns meses depois, lançaram o belíssimo «Come Taste The Band».
O guitarrista dissidente, por seu lado, juntou-se ao vocalista Ronnie James Dio e criou os RAINBOW, que acabaram por gravar três álbuns fundamentais para a história do heavy metal. Os fãs, esses, apesar de todo o desagrado, só saíram a ganhar.
Este conceito parece algo bizarro hoje em dia, mas nos anos 70 as coisas faziam-se mesmo assim — os RAINBOW nasceram no momento em que Blackmore se juntou à banda de rock norte-americana ELF, corria o ano de 1975. O guitarrista queria gravar algum material que tinha sido rejeitado pelos DEEP PURPLE com o vocalista Ronnie James Dio que, por sua vez, sugeriu que os seus companheiros de banda apoiassem essas gravações.
E pronto; uns meses depois, o projecto transformou-se em «Ritchie Blackmore’s Rainbow», com o nome do álbum (e da banda) a inspirar-se no famoso Rainbow Bar and Grill em Hollywood, na Califórnia. A primeira encarnação da banda resistiu, no entanto, pouco tempo depois das gravações, com Blackmore a despedir toda a gente, excepto Dio, por estar descontente as prestações ao vivo.
Com o guitarrista a pensar progressões de acordes cada vez mais criativas, inspiradas pelo seu novo interesse no violoncelo, e com Dio a fornecer letras grandiosas, o teclista Tony Carey, o baixista Jimmy Bain e o baterista Cozy Powell foram então recrutados para completar a segunda encarnação dos RAINBOW. «Rising» foi gravado em menos de um mês no início de 1976, em Munique, na Alemanha, com o produtor Martin Birch.
A 5 de Junho de 1976, com o «Rising», os RAINBOW assinaram um verdadeiro feito, com a estreia nas tabelas de vendas nos dois lados do Atlântico. Lançado no mês anterior, a 17 de Maio, o segundo álbum da banda estava a fazer jus ao seu título, ao ascender aos tops do Reino Unido e dos Estados Unidos, apesar das grandes mudanças na formação desde o primeiro lançamento, «Ritchie Blackmore’s Rainbow», um ano antes. Blackmore e Ronnie eram os dois únicos membros constantes do primeiro para o segundo álbum, mas a mudança — mais uma vez — revelou-se vencedora, com a nova versão dos RAINBOW a ser imediatamente aceite pelos fãs.
O álbum acabou por atingir a marca de ouro no Reino Unido e foi nomeado por uma recém-criada Kerrang!, corria o ano de 1981, como o maior álbum de metal de todos os tempos. Em 2017, ficou entre os 50 melhores álbuns de metal de todos os tempos para a Rolling Stone. Como amostra de quão reverenciado este disco é por outras figuras importantes do rock, as suas canções tiveram destaque no álbum de homenagem a Ronnie James Dio, «This Is Your Life». Motörhead e Biff Byford fizeram uma versão de «Starstruck» e os METALLICA montaram o medley ‘Ronnie Rising’ com «Stargazer», «Tarot Woman», «Kill The King» e «A Light In The Black».