Esta foi daquelas noites raras, em que tudo funciona bem, os pequenos problemas são resolvidos, o público sabe dizer presente, as bandas suporte sabem estar e o cabeça-de-cartaz é-o verdadeiramente e entrega-se. Foi assim no Hard Club, num concerto que começou com os vimaranenses AURA a apresentarem o EP «Hamartia», e a trazerem um black/doom recheado de pormenores interessantes e intenso. Com apenas três temas, cativaram uma sala que ainda estava a encher e mesmo com pequenos problemas técnicos, conseguiram dar a volta e enfrentar profissionalmente a situação. Quem os perdeu, vai ter novamente oportunidade no Apostles Of The Eternal Fire de Novembro.
Alinhamento AURA: «Hamartia», «Your Eyes Can Sweat My Desire for Catharsis», «Eye Candy».
Para os BASALTO, provavelmente foi a noite mais importante da sua carreira até hoje, e notava-se bem as caras de satisfação não só por estarem a tocar no Hard Club, mas porque a cada nota cativavam uma plateia que, tal como aos Aura, praticamente os desconhecia. O doom deste trio viseense cruza-se mais com o stoner que com o black, mas encaixaram perfeitamente, fazendo a ponte entre os dois nomes e evitando a monotonia de estilos. Uma actuação soberba, baseada no álbum «Doença».
Alinhamento BASALTO: «IX», «XI», «XII», «XIII»
Finalmente subiram ao palco os PRIMORDIAL, num alinhamento longo que durou quase duas horas, ou duas garrafas de vinho, como o quiserem ver. O quinteto irlandês esteve musicalmente irrepreensível, revisitou o início de carreira, com um Nemtheanga sorridente e brincalhão, “Don’t clap our old age“, a propósito da referência aos quase vinte e cinco anos de banda, “don’t believe you were born, sir” aquando da primeira referência à mini-tour que os trouxe cá pela primeira vez, ou até trocando um gole da cerveja de um assistente, por outro da sua garrafa de vinho. Mesmo recorrendo aqui e ali à leitura das letras, Nemtheanga teve uma grande prestação, sendo que hoje, apesar da qualidade musical dos intérpretes que o rodeiam, muito do que é Primordial, passa por ele. Nota para «To Hell Or The Hangman», provavelmente o melhor tema da noite. O regresso de um grande nome do black metal, o surgimento de duas novas esperanças na cena musical e uma casa quase cheia. Que mais pedir, para uma noite ser excelente?
Alinhamento PRIMORDIAL: «Nail Their Tongues», «Gods To The Godless», «Babel’s Tower», «No Grave Deep Enough», «Exile Amongst The Ruins», «To Hell Or The Hangman», «As Rome Burns», «Traitors Gate», «Stolen Years», «Bloodied Yet Unbowed», «Upon Our Spiritual Deathbed», «The Coffin Ships», «Heathen Tribes», «Wield Lightning To Split The Sun», «Empire Falls»