E recomeçou. De alguma forma, a música vai encontrando um caminho, descobrindo um palco e uma saída. Como é óbvio, ainda todos estão mandatoriamente sentados. O espaço entre corpos não convida ao convívio e tudo se revela formal. Até em palco, os KING BAAL tinham os seus altares estrategicamente montados. Tudo retorna. Lentamente. Os KING BAAL lançaram um álbum no início deste ano; enquanto os PHASE TRANSITION editaram o EP de estreia no final de 2020. O momento era, por isso, de celebração. E não só. As portas reabriam-se e um palco iluminava-se. E porque de música se trata, tudo arrancou com um instrumental, «Pseudomonarchia Daemonum», tal como no álbum, cujo alinhamento seguiram, à excepção de dois temas que o tempo não permitiu executarem. A entrada de Joana Carvalho trouxe harmonia vocal e resultou bem, com o seu registo e algum humor, como antes de «Solomon’s Arrival», em que teve de “encher chouriços” porque os “gajos têm de trocar guitarra”. E a troca até resultou bem, pois «Let’s Murder Together» revelou um Narciso Monteiro com veia de shredder, trazendo ao doom sinfónico dos KING BAAL um toque de Satriani.
Já com os PHASE TRANSITION veio energia e muita melodia. Se a banda não surpreendeu, pois o excelente EP já deixava perceber estar-se face a boa cepa, a sua vocalista conseguiu o efeito. Ao vivo, Sofia Beco revela-se não só uma excelente vocalista, mas também uma muitíssimo interessante presença em palco, mostrando uma destreza no violino que dá o tempero necessário para que a banda consiga ir além daquela abordagem mais nerd ao progressivo. Naturalmente que todos precisam ainda de um pouco mais experiência ao vivo e a vocalista pode ainda ganhar mais desenvoltura, mas a interacção com o público foi bem melhor que em muitos casos similares, como quando conseguiram inverter a habitual praga dos telemóveis, num momento bonito. Musicalmente, a banda estiveram muito bem, conseguindo manter o nível do EP. Duas bandas novas, ambas interessantes à sua maneira, ambas dando os primeiros passos, tal como a música que ensaia um regresso aos palcos e salas de que todos estão cheios de saudades.
