Muitas vezes injustamente ignorado, PAUL MARIO DAY fez parte dos primórdios de uma das maiores bandas do heavy metal mundial.
Paul Mario Day, o primeiro vocalista dos IRON MAIDEN, morreu aos 69 anos, vítima de complicações decorrentes de um cancro em estado avançado. A triste notícia, confirmada por amigos e familiares do cantor britânico, encerra a vida de um dos nomes que marcaram o início da história da lendária banda de heavy metal, ainda que de forma breve e discreta.
Nascido em Londres, Paul Mario Day integrou os IRON MAIDEN entre 1975 e 1976, quando a banda ainda dava os seus primeiros passos sob a liderança de Steve Harris. Apesar do curto período que a colaboração durou, Day ficou conhecido por ter alegadamente contribuído para a composição de «Strange World», faixa que viria a integrar o primeiro álbum homónimo do grupo, lançado em 1980. A contribuição nunca foi oficialmente creditada, mas o próprio cantor afirmava ter tido um papel muito importante na criação da música.
A sua saída da banda deveu-se a um motivo que o acompanhou ao longo de toda a carreira: a percepção de que, embora fosse um vocalista tecnicamente competente, lhe faltava aquele carisma necessário para liderar o grupo em palco. Essa avaliação levou à sua demissão pelos IRON MAIDEN, que, como é sabido, mais tarde viriam a consolidar-se como uma das maiores forças do heavy metal.
Após a saída dos IRON MAIDEN, Day encontrou espaço em outros projectos musicais. Em 1980, juntou-se aos MORE, banda que conseguiu algum reconhecimento no Reino Unido e que chegou a participar na segunda edição do prestigiado festival Monsters of Rock, em Castle Donington, em 1981. No entanto, um rol de divergências internas com os colegas e com a gravadora levaram à sua saída pouco tempo depois.
Em seguida, integrou os WILDFIRE, com quem gravou dois álbuns de estúdio. A sua carreira deu mais um salto em 1985, quando se juntou aos SWEET, um dos grupos mais emblemáticos do glam rock britânico. Com a banda, participou na gravação do álbum ao vivo «Live At The Marquee», captado em 1986 e lançado três anos mais tarde. Após deixar o grupo, Day decidiu mudar-se para a Austrália, onde passou a cantar com diversas bandas locais, mantendo-se activo no circuito da música ao vivo, ainda que longe dos holofotes.
Durante os últimos anos, a saúde de Paul Mario Day deteriorou-se após ser diagnosticado com cancro em estágio avançado. Quando a notícia do seu estado de saúde se tornou pública, fãs dos IRON MAIDEN de todo o mundo mobilizaram-se para lhe enviar mensagens de apoio e reconhecimento pela sua muitas vezes ignorada contribuição na história da banda. A iniciativa emocionou o cantor, que sempre se mostrou grato pelo carinho do público.
A morte de Paul Mario Day encerra um capítulo importante, ainda que pouco celebrado, da história dos IRON MAIDEN. A sua voz esteve presente nas primeiras formações da banda que, uns anos mais tarde, redefiniria os parâmetros do heavy metal. Embora tenha tido uma carreira marcada por altos e baixos, Day deixa um legado de perseverança e dedicação à música, sendo lembrado por ter feito parte dos alicerces de uma das maiores bandas do género.
“O Paul Mario Day fez parte da génese dos IRON MAIDEN e isso jamais será esquecido”, escreveu um fã nas redes sociais, reflectindo o sentimento partilhado por muitos. A história dos gigantes britânicos pode ter seguido outros rumos, é certo, mas o nome de Paul Mario Day permanece indissociável dos acordes que mudariam a face do metal para sempre.