PAPA ROACH: «LAST RESORT», bênção ou maldição?

É uma verdadeira loucura pensar que já passaram mais de duas décadas desde que os PAPA ROACH lançaram o muito popular «Infest», que catapultou os roqueiros da Califórnia para os lugares cimeiros da florescente cena nü-metal do início dos anos 2000. Tanto tempo, e tantos discos e anos de carreira depois, se alguém vos pedir para nomearem uma música da banda, há 99,9% de probabilidades de responderam «Last Resort». O single de estreia da banda apareceu pela primeira vez na banda-sonora do filme “Ready To Rumble”, de 2000, e foi incluido no alinhamento do segundo LP de estúdio do grupo liderado por Jacoby Shaddix. Lançada oficialmente a 7 de Março de 2000, a canção tornou-se um fenómeno de popularidade, com a MTV a rodar o vídeo-clip a cada oportunidade e os músicos a apanharem boleia da explosão de uma tendência que ainda estava muito longe da saturação. Para terem uma ideia, a «Last Resort» até em Portugal trepou de forma inesperada à tabela de vendas. Alcançou o #57 na tabela Billboard Hot 100 e liderou as litas de Alternative Airplay , com esse sucesso colossal a impulsionar o «Infest», o primeiro disco dos PAPA ROACH nas grandes editoras, para a 5.ª posição da Billboard 200. Em 2011, o álbum foi certificado três vezes platina pela RIAA.

A pergunta para um milhão de euros:
Como banda, é fácil viver à sombra de um sucesso estratosférico, que se tornou um ‘item’ básico não apenas do arsenal ao vivo dos PAPA ROACH, mas também de todas as festas alternativas em que estivemos nos últimos 20 anos?

Não posso dizer que estejamos outra coisa que não gratos por ter uma canção como a «Last Resort» no nosso repertório“, responde o baixista Tobin Esperance em entrevista à LOUD!. “Vimo-la crescer, crescer e crescer, e ganhou vida própria. Hoje, olho para esse tema como algo que vai perdurar no tempo, muito para além da existência dos Papa Roach e da minha própria existência. Não sei, quem sabe se não se transforma num clássico, numa daquelas canções que têm vida para sempre? É engraçado, porque celebrámos o vigésimo aniversário do «Infest» no ano passado e, como andámos a tocar os temas ao vivo, fui ouvir o disco outra vez. Já não fazia isso há algum tempo e foi uma experiência curiosa. É sempre giro recordar aqueles quatro miúdos, muito ingénuos, mas cheios de vontade de vencer. Na altura, ainda não tínhamos sido completamente castigados pela indústria e, na verdade, éramos só uma banda, cuja energia estava a ser capturada num estúdio a sério, com bom som. Os temas soam supercrus, mas são também muito emocionais e carregam uma energia contagiante, que se tornou inegável. O «Infest» é, exactamente, o que queríamos fazer naquela altura. É muito fiel à essência da banda e, verdade seja dita, acho que foi nesse disco que conseguimos refinar o nosso próprio som – felizmente, as pessoas identificaram-se. Sei que há por aí muitos que não se identificam com o que fizeram em início de carreira e que se recusam a tocar esses temas, mas, no nosso caso, penso que todos continuamos a estar muito orgulhosos desse álbum — e da «Last Resort» em particular.

Dando os primeiros passos a tocar hardcore punk com influências rap, os PAPA ROACH acabaram por tornar-se uma proposta de hard rock direto com fortes tendências metal e, pelo caminho, revelaram um talento muito especial para combinarem o poder intransigente das guitarras com uma perspicácia pop sem precedentes. Surgidos em meados dos 90s, os músicos norte-americanos “explodiram” em 2001 com a edição do segundo longa-duração, intitulado «Infest», que marcou a estreia numa grande editora e, graças à popularidade de um single, os transformou num enorme fenómeno à escala global. Claramente inspirado pela sonoridade nu-metal em ebulição na altura, «Last Resort» valeu ao álbum estatuto de tripla platina e, desde essa altura, o grupo liderado pelo vocalista Jacoby Shaddix não mais voltou a olhar para trás. A aposta numa sonoridade mais rock nos álbuns seguintes fez pouco para os prejudicar comercialmente e, quando lançaram os álbuns «Crooked Teeth», em 2017, e «Who Do You Trust?», em 2019, já tinham vendido mais de 20 milhões de álbuns e sobrevivido a praticamente todos os seus contemporâneos. Em 2022, voltaram à carga com o 11º LP, o muito aplaudido «Ego Trip», e vão subir ao palco no segundo dia do EVIL LIVE FESTIVAL, 29 de Junho, que vai ser encabeçado pelos SLIPKNOT e conta ainda com a presença dos MESHUGGAH, FEVER 333, BLIND CHANNEL e THE VOYNICH CODE. Os bilhetes para o evento estão disponíveis aqui e nos locais habituais.