PANTERA: O «Cowboys From Hell» atingiu o estatuto de dupla platina nos Estados Unidos

Lançado em Julho de 1990, o clássico «Cowboys From Hell», que marcou a estreia dos PANTERA numa grande editora, atingiu finalmente o estatuto de dupla platina no passado dia 26 de Maio, o que significa que o disco já vendeu mais de dois milhões de cópias nos Estados Unidos desde o seu lançamento. Tinha sido originalmente certificado como platina em Julho de 1997. Nada disto é de admirar, no entanto. Com o «Cowboys From Hell», os PANTERA encetaram uma das mais brilhantes segundas fases de carreira de que há memória. Enterrando anos de futilidade hair metal, o quarteto formado por Phil Anselmo“Dimebag” Darrell AbbottVinnie Paul e Rex Brown tornou-se um dos mais importantes embaixadores do metal e, muito possivelmente, o maior e mais popular nome do género da década de 90. Mais de três décadas depois, ainda é difícil explicar completamente o que se passou, mas a perspectiva que o só o tempo nos dá, permite-nos defini-lo com uma rara tempestade perfeita de forças internas e externas.

Internamente, a transição foi gradual, começando com a saída do vocalista Terry Lee Glaze, já depois de terem gravado três álbuns de hard rock/pop indistinto, lançados independentemente. Glaze seria substituído por um carismático nativo de New Orleans chamado Phil Anselmo, cujo primeiro trabalho de estúdio com os PANTERAo «Power Metal», de 1988, mostrou sinais promissores de um endurecimento/fortalecimento o som do quarteto oriundo de Dallas, no Texas. Com Anselmo a emular as suas principais referências, a banda começou a aproximar-se mais dos Judas Priest do que, digamos, dos Poison, mas esse seria apenas um prenúncio para o enorme passo dado, uns anos depois, com o «Cowboys from Hell». Na verdade, a transformação global dos PANTERA pareceu acontecer do dia para a noite para o dia — a abordagem musical inédita e a mudança drástica de atitude e imagem acabaram por ser uma enorme surpresa. Quando o disco chegou às lojas, a 24 de Julho de 1990, tinha todas as características de um álbum de estreia de um grupo novo e, verdade seja dita, em essência, era o que realmente era.

Externamente, por ironia do destino, o «Cowboys From Hell» colocou os PANTERA no sítio certo à hora certa. Vamos lá ser sinceros: salvo raras excepções, o metal estava em fase descendente no final dos anos 80. Depois do surgimento do thrash, da ascensão dos Metallica, da popularidade do glam e do hair metal, o grunge transformou-se numa moda improvável e ajudou a preencher a lacuna da exposição mediática da música pesada. O seu maior problema? Não ser propriamente METAL. Pois bem, o «Cowboys From Hell», que foi escrito entre o final de 1988 e durante 1989, não só marcou o renascimento do metal sobre o grunge, como ainda introduziu um estilo único, que soava refrescante e verdadeiro. O título antémico e canções como a «Shattered», que abordava questões como a guerra nuclear, não eram propriamente novidade, mas os músicos fizeram questão de que a maioria dos ouvintes se pudesse identificar de forma realista com a maioria dos temas.

No final, o «Cowboys From Hell» é um colosso. Por um lado tínhamos a atitude e mentalidade muito punk/hardcore de Phil Anselmo, assim como o seu alcance vocal dinâmico. Depois, o talento e carisma de “Dimebag”, um músico de excepção que influenciou muitos dos guitarristas mais célebres da actualidade. Darrel e o irmão, o baterista Vinnie Paul, estavam tão em sintonia depois de anos e anos a tocarem juntos que podiam fazer uma jam session em qualquer situação, a qualquer hora e com os olhos fechados. O baixista Rex Brown, por seu lado, tinha um talento incrível para interpretar os riffs no tempo certo, fornecendo a espinha dorsal de uma descarga de som demolidor. No entanto, ao contrário do que muita gente afirma, o som não era apenas metal puro, mas sim uma fusão inovadora de thrash, punk hardcore, southern rock e blues, que às primeiras audições nos fez sentir como se estivéssemos a ouvir os Agnostic Front, os ZZ Top, os Judas Priest e os Slayer, todos a tocar ao mesmo tempo.