pantera

PANTERA: O «Cowboys From Hell», revisitado

A 24 de Julho de 1990 os PANTERA lançaram o «Cowboys From Hell» — e alteraram para sempre o universo do heavy metal como o conhecíamos até então.

Há trinta e quatro anos foi editado um álbum que mudou para sempre o futuro do heavy metal como o conhecíamos até então. Um disco em que se abandonaram velhos estigmas, em que se adoptou uma nova linguagem musical e que, para muitos, funcionou como uma réstia de esperança renovada para o futuro da música pesada. Com o «Cowboys From Hell», os PANTERA encetaram uma das mais brilhantes segundas fases de carreira de que há memória.

Enterrando anos de futilidade hair metal, os PANTERA, quarteto formado por Phil Anselmo, “Dimebag” Darrell Abbott, Vinnie Paul e Rex Brown tornou-se um dos mais importantes embaixadores do metal e, muito possivelmente, o maior e mais popular nome do género da década de 90. Hoje, mais de três décadas depois, ainda é difícil explicar completamente o que se passou, mas a perspectiva que o só o tempo nos dá, permite-nos defini-lo com uma rara tempestade perfeita de forças internas e externas.

Internamente, a transição foi gradual, começando com a saída do vocalista Terry Lee Glaze, já após terem gravado três álbuns de hard rock indistinto, lançados independentemente. Glaze seria substituído por um carismático nativo de New Orleans chamado Phil Anselmo, cujo primeiro trabalho de estúdio com os PANTERA, o «Power Metal», de 1988, mostrou sinais promissores de um endurecimento e/ou fortalecimento o som do quarteto oriundo de Dallas, no Texas.

Com Anselmo a emular as suas principais referências, a banda começou a aproximar-se mais dos Judas Priest do que, digamos, dos Poison, mas esse seria apenas um prenúncio para o enorme passo dado, uns anos depois, com o «Cowboys from Hell». Na verdade, a transformação global dos PANTERA pareceu acontecer do dia para a noite para o dia — a abordagem musical inédita e a mudança drástica de atitude e imagem acabaram por ser uma enorme surpresa. Quando o disco chegou às lojas, a 24 de Julho de 1990, tinha todas as características de um álbum de estreia de um grupo novo e, verdade seja dita, em essência, era o que realmente era.

Externamente, por ironia do destino, o «Cowboys From Hell» colocou os PANTERA no sítio certo à hora certa. Vamos lá ser sinceros: salvo raras excepções, o metal estava em fase descendente no final dos anos 80. Depois do surgimento do thrash, da ascensão dos Metallica, da popularidade do glam e do hair metal, o grunge transformou-se numa moda improvável e ajudou a preencher a lacuna da exposição mediática da música pesada.

O seu maior problema? Não ser propriamente METAL. Pois bem, o «Cowboys From Hell», que foi escrito entre o final de 1988 e durante 1989, não só marcou o renascimento do metal sobre o grunge, como ainda introduziu um estilo único, que soava refrescante e verdadeiro. O título antémico e canções como a «Shattered», que abordava questões como a guerra nuclear, não eram novidade, mas os músicos fizeram questão de que a maioria dos ouvintes se pudesse identificar de forma realista com a maioria dos temas.

No final, o «Cowboys From Hell» é um colosso. Por um lado tínhamos a atitude e mentalidade muito punk/hardcore de Phil Anselmo, assim como o seu alcance vocal dinâmico. Depois, o talento e carisma de “Dimebag”, um músico de excepção que influenciou muitos dos guitarristas mais célebres da actualidade. Darrel e o irmão, o baterista Vinnie Paul, estavam tão em sintonia após anos e anos a tocarem juntos que podiam fazer uma jam session em qualquer situação, a qualquer hora e com os olhos fechados.

O baixista Rex Brown, por seu lado, tinha um talento incrível para interpretar os riffs no tempo certo, fornecendo a espinha dorsal de uma descarga de som demolidor. No entanto, ao contrário do que muita gente afirma, o som não era apenas metal puro, mas sim uma fusão inovadora de thrash, punk hardcore, southern rock e blues, que às primeiras audições nos fez sentir como se estivéssemos a ouvir os Agnostic Front, os ZZ Top, os Judas Priest e os Slayer, todos a tocar ao mesmo tempo.