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OZZY OSBOURNE: «Bark At The Moon», o regresso coxo após a morte trágica de RANDY RHOADS

Quatro décadas depois, o OZZY a “uivar à Lua”. Literalmente.

Editado originalmente a 15 de Novembro de 1983, o terceiro disco solo de OZZY OSBOURNE, o incontornável «Bark At The Moon», celebra hoje 40 anos. Mais de um ano antes, o ex-vocalista dos BLACK SABBATH tinha sofrido um enorme revés, com a morte prematura do seu guitarrista, o malogrado RANDY RHOADS.

Falecido a 19 de Março de 1982, o talentoso músico tinha tocado nos dois primeiros discos dos QUIET RIOT, mas só se tornou realmente conhecido no momento em que se juntou a OZZY OSBOURNE, com quem gravou dois álbuns amplamente elogiados — «Blizzard Of Ozz» e «Diary Of A Madman», de 1980 e 1981, respectivamente. Rhoads e outras duas pessoas faleceram quando o pequeno avião em que voavam nos Flying Baron Estates, em Leesburg, Flórida, atingiu o tourbus de Ozzy e, depois, colidiu com uma mansão. O músico tinha apenas 25 anos. 

Durante a sua curta passagem pela banda do duplo-O, o músico gravou algumas canções magníficas, que mostraram bem toda a sua genialidade e que se tornaram icónicas, como são os casos de «I Don´t Know», «Crazy Train», «Over The Mountain» ou, claro,«Mr. Crowley», que contém um daqueles solos verdadeiramente arrepiantes e que vão ficar para sempre na memória dos fãs de hard rock e heavy metal.

Depois, Ozzy “uivou à Lua”.

O cantor recrutou então Jake E. Lee para o lugar do imortal Randy e o quinteto fechou-se nos estúdios Ridge Farm para a gravação do material que daria origem a «Bark At The Moon», sob a batuta do renomado Max Norman na produção. A edição original norte-americana abre com o tema-título, e single principal, que se transformaria um dos êxitos mais conhecidos de Osbourne, muito graças ao seu vídeo-clip inspirado em ‘Dr. Jekyll e Mr. Hyde’.

Com alta rodagem nos canais da MTV por esse mundo fora, o clip termina com o cantor britânico a transformar-se num lobisomem e fez eco perfeito da agora icónica capa do álbum, onde o artista de efeitos especiais Greg Cannom, que tinha trabalhado uns meses antes no assustador «Thriller», de Michael Jackson, tinha vestido Ozzy Osbourne para, literalmente, “uivar à Lua”.

Infelizmente, ao longo dos seus quase três quartos de hora de duração, esse momento inicial de brilhantismo só seria atingido novamente um par de vezes, com muitos dos temas a denotarem uma utilização intensa de teclados, um instrumento que se estava a tornar-se cada vez mais proeminente à medida que os anos 80 iam avançando.

Essa aproximação aos sons “na moda” da época , assim como uma composição bastante menos equilibrada, acabaram por dar origem a um disco não tão brilhante quanto tinham sido os anteriores, mas que ainda assim proporcionou ao Madman alguma da sua maior exposição mediática até então.

Infelizmente, nem sempre pelas melhores razões. Primeiro, a edição do LP, muito à semelhança do que já se tinha passado com a estreia «Blizzard Of Ozz», uns anos antes, viu o músico rodeado de controvérsia a partir do momento em que um homem canadiano, chamado James Jollimore, assassinou a esposa e seus filhos depois de, supostamente, ter ouvido o single «Bark At The Moon».

Como é óbvio, isso colocou de imediato Ozzy na mira dos grupos de fanáticos religiosos e dos media mais sensacionalistas, que alegavam que o disco continha mensagens satânicas e que podia ter influenciado o homem a cometer os crimes. Pelo satanic panic, pois claro. E como se isso não bastasse, a própria associação a Jake E. Lee também rendeu alguma controvérsia.

Este é o único LP em que Ozzy é creditado sozinho em todas as canções, mas, ao longo das décadas, o guitarrista sempre disse que compôs uma boa parte das músicas e que foi enganado por Sharon Osbourne, que o teria forçado, sob ameaça de o substituir, a abrir mão da autoria das músicas.

Anos mais tarde, o próprio Ozzy admitiu que Lee ajudou de acto a escrever uma série de temas, incluindo o êxito «Bark At The Moon». Mesmo assim, e pese a qualidade menor, o LP foi certificado como Disco de Prata no Reino Unido, Disco de Ouro na Austrália, Disco de Platina no Canadá e triplo Disco de Platina nos Estados Unidos.