OPETH

OPETH: «My Arms, Your Hearse», a banda-sonora de um momento definidor

Originalmente editado a 18 de Agosto de 1998, o terceiro álbum dos OPETH continua a manter a mesma atmosfera gelada e melancólica, com as suas canções intemporais a conservarem uma dose de genialidade e impacto irrefutável.

Há debates que bastem sobre qual o LP dos OPETH que merece realmente figurar num pedestal como a sua obra maior. Nós também não estamos aqui para proclamar o «My Arms, Your Hearse» como sendo o melhor disco da banda sueca, mas a verdade é que não há como negar que funcionou como um passo fundamental rumo ao monumental auge da carreira do grupo. E, claro, aqui na redacção, há até quem se arrisque a afirmar com veemência que o «Orchid» e o «Morningrise» são os únicos álbuns que importam realmente na discografia dos OPETH.

Tendo ambos em alta consideração, essa visão acaba por ser difícil de perceber se tivermos em conta que a transição para a grandeza só começou verdadeiramente a florescer no «My Arms, Your Hearse», que é uma besta negra e fria de death metal progressivo, enriquecida com momentos deslumbrantes de beleza melancólica, mudanças acústicas sombrias e explosões brutais de agressão.

Sem esforço, foi neste álbum que os OPETH estabeleceram uma ponte entre as suas raízes cruas e mais obscuras, já altamente promissoras, e as composições sofisticadas e a escrita de canções que definiram os seus lançamentos subsequentes. Resultado disso, mais de duas décadas após ter sido editado, o «My Arms, Your Hearse» conserva inalterada a mesma atmosfera gelada e melancólica, com as suas canções intemporais a manterem uma dose de genialidade e impacto irrefutável.

Segundo ao prólogo, a «April Ethereal» estabelece-se de imediato como uma das melhores composições da fase inicial dos OPETH, um imponente colosso de death progressivo que fixa o padrão elevado para o restante do álbum. As transições entre beleza e brutalidade são sublimes; as pausas acústicas mais suaves entrelaçam-se de forma harmoniosa com os compassos mais pesados. À medida que o álbum avança, a qualidade das canções nunca desce abaixo deste padrão muito elevado, com a clássica «Demon Of The Fall» a posicionar-se confortavelmente ao lado da balada «Credence», e os temas mais pesados e prog, «When» e «The Amen Corner», também garantem um lugar único no repertório dos OPETH.

Como se isso não bastasse, o «My Arms, Your Hearse» também introduziu o que se tornaria a formação clássica dos OPETH, com a adição do baterista Martin Lopez e do baixista Martin Méndez, e acabou por marcar o primeiro álbum conceptual da banda, enquanto a produção melhorada, embora turva, cortesia de Fredrik Nordström, elevou o álbum a um nível sonoro superior quando comparado com os dois LPs que o precederam.

Por tudo isto, o «My Arms, Your Hearse» permanece um momento verdadeiramente crucial na carreira dos OPETH, um clássico dos anos 90 e um álbum de transição, marcando o início de um dos maiores e mais criativos períodos e sequências de álbuns na história do metal extremo. As arestas mais ásperas e não refinadas do álbum servem como um contraste convidativo e cativante em relação aos registos mais polidos posteriores e, no final, são as canções em si e a sua qualidade duradoura que superam quaisquer pequenas deficiências e fazem com que este disco ocupe um lugar de destaque, só atrás da inesquecível trilogia de «Still Life», «Blackwater Park» e «Ghost Reveries», na discografia dos OPETH.