MY DYING BRIDE

MY DYING BRIDE: Aaron Stainthorpe admite tensão, mas acredita numa reconciliação

Após meses de silêncio e afastamento, o vocalista histórico abre a porta a um possível entendimento com os MY DYING BRIDE.

O vocalista Aaron Stainthorpe quebrou finalmente o silêncio sobre o seu futuro com os MY DYING BRIDE, revelando estar esperançoso em resolver os problemas que o afastaram do grupo que fundou em 1990 com o guitarrista Andrew Craighan. Em entrevista ao The Razor’s Edge, o músico britânico abordou pela primeira vez, de uma forma mais aberta, a disputa interna que levou à sua ausência dos palcos e à entrada temporária de Mikko Kotamäki, dos SWALLOW THE SUN, como substituto para os concertos agendados para 2025, entre os quais se conta o regresso a Portugal lá mais para o final do ano.

Segundo Aaron, o ambiente tenso surgiu após a gravação de «A Mortal Binding», de 2024, álbum que deixou para trás duas faixas inéditas, guardadas pelo engenheiro Mark Mynett. “Quando fizemos o último LP, como habitual, gravámos mais temas do que precisávamos, e ficaram duas guardadas para um possível EP. No entanto, depois disso tivemos uma enorme discussão. Esses temas ainda existem, claro, mas estão em limbo”, explicou.

De seguida, acrescentou que, para além das divergências internas, a instabilidade na actual editora dos MY DYING BRIDE, a Nuclear Blast Records, contribuiu para a incerteza em relação ao possível lançamento desse EP: “Perdi os meus contactos todos lá, e não sei o que se passa na editora, nem exactamente o que se passa com os MY DYING BRIDE”.

Quanto a material novo, Aaron confirmou que os MY DYING BRIDE continuam a compor, mas que a sua participação depende de uma reconciliação: “Sei que eles estão a escrever coisas novas, mas enquanto não resolvermos a discussão que tivemos, não vou cantar para eles”. Apesar da fratura, o músico mantém o desejo de um entendimento: “Gostava de pensar que sim, porque são 30 anos de trabalho muito, muito bom. Uma banda que respeita isso não deve simplesmente definhar e morrer. Temos de trabalhar para resolver isto”.

Infelizmente, a versão dos factos do guitarrista Andrew Craighan acrescenta contexto ao impasse. Em conversa recente com o site Metalirium, o músico revelou que a decisão de recrutar Kotamäki surgiu de forma urgente: “Apesar dos problemas, estávamos prontos para tocar os concertos restantes em 2024, mas infelizmente não havia vocalista disponível. Só soubemos disso à última hora, o que levou ao cancelamento de todas as datas. Como o álbum tinha acabado de sair, não queríamos ficar parados”.

Segundo Andrew, Mikko Kotamäki foi a primeira escolha, e uma escolha consensual, e o cantor até já se estreou com os MY DYING BRIDE ao vivo numa série de festivais como o Rockmaraton, na Hungria, o Pit Of Metal, na Eslováquia, ou o Dark River, na Finlândia. De forma algo surpreendente, o guitarrista revelou ainda que o contacto com Aaron é quase inexistente: “Ele distanciou-se da banda e só sabemos das suas actividades pelas redes sociais e entrevistas. Tentámos contactá-lo em Março de 2025 para saber as suas intenções, mas não respondeu. Descobrimos pelas redes que estava em hiato. Apesar de dizer online que ainda faz parte da banda, não se envolve connosco desde Abril de 2024″.

O futuro dos MY DYING BRIDE permanece, portanto, envolto em incerteza. A entrada de Kotamäki para os palcos assegura a continuidade das actuações da banda, mas a questão central — que, de momento, é uma hipótese reconciliação entre Aaron Stainthorpe e os restantes elementos — continua por resolver. Para já, os fãs terão de aguardar para saber se a icónica voz do doom britânico voltará a liderar o grupo que ajudou a moldar o género durante mais de três décadas.