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MOONSPELL @ MILAGRE METALEIRO OPEN AIR | 25.08.2023 [reportagem]

Os MOONSPELL foram a grande atracção do dia inaugural do MILAGRE METALEIRO OPEN AIR e, na companhia da sua alcateia, celebraram uma carreira cheia de sucessos.

Já começou mais uma edição do Milagre Metaleiro Open Air — a décima quarta, para sermos mais exactos –, que prometia ser a maior de sempre. Não foi, portanto, coincidência que a organização tenha optado por ter os MOONSPELL, a maior banda portuguesa de metal, como cabeça de cartaz da noite inaugural do evento. Por esta altura, a alcateia liderada por Fernando Ribeiro já dispensa quaisquer apresentações e quase todos os presentes — exceptuando provavelmente alguns fãs mais jovens e crianças presentes um pouco por todo o recinto — sabiam ao que iam. Ainda assim, foram quem chamou mais público para a frente do palco.

Sem nada a provar e com uma carreira de mais de trinta anos às costas, este concerto foi sentido como uma celebração daquilo que a banda é. Uma celebração com a sua família, com a alcateia que a segue fielmente e nunca se cansa de a apoiar — algo que Fernando Ribeiro mencionou, e também agradeceu, várias vezes ao longo da acuação. E é precisamente neste ponto que os MOONSPELL se distinguem de todos os outros; não precisam de gimmicks, nem sequer de uma ocasião especial como a apresentação ou promoção de um novo disco, para que os seus espéctáculos sejam sentidos como únicos.

Aliás, basta reparar nos alinhamentos dos espectáculos mais recentes, todos inseridos numa rota a que decidiram chamar Summer Eclipse Festivals, para verificar que têm rodado bastantes temas — tirando os inevitáveis, claro está — e isso só ajuda a tornar as coisas mais interessantes para o público e também para a própria banda. Em Pindelo dos Milagres, o início do espectáculo deu-se com «Perverse… Almost Religious», a mítica introdução de «Irreligious», e os níveis de entusiasmo dispararam imediatamente, registando-se logo um novo pico quando a banda entra em palco para tocar o primeiro de muitos temas clássicos: «Opium».

E atenção, porque no caso dos MOONSPELL, detentores de um fundo de catálogo sólido como poucos, quando falamos em clássicos não nos restringimos obrigatoriamente a temas do segundo álbum ou da estreia «Wolfheart», que acabou por ser o registo a ter mais representatividade no alinhamento. Aliás, nesse sentido, todos os temas tocados acabaram por, de alguma forma, serem momentos marcantes de álbuns de uma carreira rica — «Extinct» teve o refrão cantado em uníssono e «Em Nome Do Medo» será sempre um daqueles temas com impacto energizante no público.

Feitas as contas, apenas «Sin/Pecado» e «Darkness And Hope» não tiveram representação, mas a opção de irem revisitar as raízes funcionou muito bem, e foi muito refrescante ouvir a ambiciosa «Tenebrarum Oratorium (Andamento I / Erudit Compendyum)» com poder reforçado. Gozando de um aumento de volume considerável em relação a todas as outras bandas que actuaram neste primeiro dia, Ribeiro e companhia conduziram os procedimentos com a solidez que se lhes conhece e a sequência folk que surgiu após o interlúdio «Lua D’Inverno», com as festivas «Trebaruna» e «Ataegina», colocou toda a gente todos a dançar e a celebrar as raízes ancestrais da nossa cultura.

Também como celebração, até tivemos direito a ouvir a banda cantar os parabéns — com devido apoio instrumental — ao seu vocalista e timoneiro, que por aquela altura celebrava mais um aniversário. Depois, já na recta final do espectáculo, assistimos a mais um ponto alto, com uma sequência composta por dois temas inevitáveis e um terceiro que faz parte de um álbum já sentido como favorito por parte de muitos fãs — «1755».

Se «Alma Mater» é aquele hino incontornável, «Todos os Santos» empolgou e fez com que o público juntasse as suas vozes à de Fernando Ribeiro. Já «Full Moon Madness» é o fechar com chave de ouro de qualquer um dos seus espectáculos, e a comunhão máxima da banda com os seus fãs nunca vai deixar de arrepiar.

Com a noite já bem adiantada, ainda havia mais uma banda para ver, mas a maioria do público decidiu encerrar por ali este primeiro dia de Milagre Metaleiro Open Air. A reportagem completa de todas as outras actuações do dia será publicada em breve.

Fotos: Sónia Ferreira