MOONSPELL

MOONSPELL: “Este país não é para músicos”, reiteram Fernando Ribeiro e companhia

Será difícil encontrar uma declaração mais sentida e acutilante que a publicada pelos MOONSPELL para descrever a calamidade que é o encerramento do C.C. STOP.

Muitos têm sido os artistas e organizações que, durante os últimos dias, têm usado as suas contas oficiais nas redes sociais para manifestarem a sua indignação relativamente ao que se passou no passado dia 18 de Julho, no Centro Comercial STOP, no Porto. No entanto, será difícil encontrar uma declaração mais sentida e acutilante que a publicada pelos MOONSPELL. “A primeira vez que fomos ao Stop no Porto, foi em 1995 para uma sessão de autógrafos na loja de Metal do David Duarte ( RIP), o vocalista dos lendários WEB“, recordam os músicos liderados por Fernando Ribeiro na publicação que pode ser vista na íntegra em baixo.

Almoçámos o belo do combinado e fomos à nossa vida. Regressámos algumas vezes e assistimos a ensaios de outras bandas, nomeadamente de Metal e sentimos o pulso ao que ali nascia e agora, vergonhosamente, morre à mão da @cmporto.

Sem desculpas, sem teorias, artigos no jornal, sem oportunismo ou protagonismo, queremos apenas deixar uma palavra de camaradagem e solidariedade aos nossos camaradas de todas as músicas que o #stop continha. Não somos do Porto, mas, hoje, é como se fôssemos nós nesta triste foto. Também fomos muitas vezes despejados e sentimos o que é não ter chão. Este país não é para músicos“, acabam por concluir os MOONSPELL.

Como noticiado aquitodas as lojas sem licença localizadas no C. Comercial STOP, no Porto, foram encerradas na manhã da passada terça-feira, 18 de Julho.  O edifício, que funciona como espaço cultural há mais de duas décadas, com muitas das antigas lojas usadas como salas de ensaio ou estúdios, foi encerrado sem aviso prévio e, no processo, centenas de músicos ficaram sem acesso aos seus pertences e instrumentos musicais.

O edifício, localizado na Rua do Heroísmo, tem 126 lojas, sendo que, de momento, está garantida apenas a continuidade de operação de 21 lojistas. Alegadamente, este encerramento deve-se sobretudo a queixas de ruído que remontam já a 2009 e aconteceu no seguimento de um despacho do vereador Ricardo Valente, do pelouro das Atividades Económicas e Fiscalização. Em Outubro de 2022, a LOUD! já tinha noticiado que o STOP poderia encerrar portas em breve por questões de segurança.

A 19 de Julho, Rui Moreira, o Presidente da Câmara do Porto, indicou a Escola Pires de Lima como solução para os músicos desalojados do STOP, garantindo que as instalações estariam prontas a receber os artistas no final do ano. Segundo o autarca independente, esta é uma solução que agradou aos músicos. “Ficaram muito satisfeitos com a solução Pires de Lima, que tem uma vantagem, é a 200 metros do Stop. É uma solução mais próxima. Tudo o que é desenraizar um ecossistema tem sempre consequências. A proximidade da escola Pires de Lima acho que lhes interessou muito“, disse Rui Moreira. 

A EB 2,3 Doutor Augusto César Pires Lima passou para a alçada da autarquia com a descentralização de competências e vai ficar desocupada em Setembro, com a passagem dos alunos para a escola Alexandre Herculano. “Transformar antigas salas de aulas em salas para músicos é uma coisa relativamente fácil. [Os músicos] podem conviver com o Norte Vida, temos salas disponíveis, é um espaço enorme que tem seis unidades completamente autónomas. Parece-nos uma ideia ótima para a cidade“, considerou o autarca. Rui Moreira garantiu ainda que os custos de adaptação do espaço vão ser por conta da autarquia, obra essa que a câmara não podia fazer no Stop por este espaço não ser propriedade do município.