JASON NEWSTED

12 de Agosto de 1991: O dia em que os METALLICA mudaram o mundo da música pela segunda vez

Sabias que os METALLICA tiraram as primeiras fotos de promoção para o «The Black Album» no Algarve?

«Kill’ Em All», «Ride The Lightning», «Master Of Puppets» e «…And Justice for All» — qualquer um destes títulos valeria aos METALLICA, mais de três décadas depois, poderem encimar um cartaz num festival revivalista de segundo plano. Os quatro juntos, tornariam a banda da Bay Area um nome incontornável no heavy metal e seriam o suficiente para assegurarem multidões nas décadas seguintes.

O quarteto conseguiu atingir esse estatuto em menos de uma década, mas sentiu necessitar de fazer mais, de conseguir um estatuto ainda maior. Recorrer a Bob Rock foi a chave; ou a desgraça, dirão alguns. O produtor acabara de dar aos MÖTLEY CRÜE o ansiado primeiro lugar de vendas e representava uma casta de produtores que transformavam os artistas, embora nem sempre no sentido do pretendido pelos fãs mais conservadores. E foram, de facto, estes os primeiros a remexerem-se nas suas cadeiras, com expectativas negativas.

Bob Rock transformou, de facto, os METALLICA, polindo o que já existia e ajudando na construção de um heavy metal mais acessível, que apelasse mais às rádios e permitisse ao colectivo capitalizar o sucesso e credibilidade que já trazia na bagagem. O canadiano impôs que os músicos gravassem sozinhos, mudou a escrita de James (retirando palavras aos poemas originais) e conseguiu mesmo que este se abrisse ao grupo, expondo a letra para «Nothing Else Matters». A balada, que hoje serve de fundo musical a um filme da Disney, destinava-se à namorada da época, Kristen.

Seria também Rock a impor uma disciplina de trabalho e ensaio que levaria Lars a ficar várias horas por dia, fechado num espaço, a praticar bateria. Rapidamente o quarto ficou nomeado como “Lars Closet”. Num episódio curioso, já com o disco pronto, o grupo voaria para Donington, em Inglaterra, onde iriam dar um dos primeiros concertos, pós gravações.

Ross Halfin, o fotógrafo de todas as bandas na época, pega no grupo e voa com eles para o Algarve. É lá que faz as primeiras fotos promocionais para o «The Black Album», aquelas em que a banda surge de negro, na areia e entre ruínas. No tour book a que a digressão deu origem, é possível perceber as típicas chaminés algarvias, e um grafiti numa parede a dizer “Mão Morta”.

O «The Black Album» não foi apenas o disco mais popular da banda. Levaria também a que descolassem das bandas de metal da época e se tornassem numa das maiores bandas na estrada e que mais facturam, algo que perdura até hoje. Algo que não aconteceu sem que o grupo perdesse alguns fãs iniciais, mas isso aconteceria anos mais tarde com os posteriores «Load» ou «St. Anger».

Mais de 500 semanas no top da Billboard, perto de 17 milhões de discos vendidos, inúmeros prémios, uma nova legião de fãs incondicionais e aquele dia 16 de Junho de 1993, no Estádio José Alvalade. Num dia com 40 graus de temperatura, Portugal assistiu ao concerto de metal com maior audiência de sempre. Pela primeira vez, e finalmente, os METALLICA tocavam em Portugal, reunindo novos fãs e críticos. Até nisso, o «The Black Album» foi algo diferente.